Análise da Lateralidade e Destreza Manual em Crianças com Transtorno do Espectro Autista

Abstract

RESUMO: Este estudo teve como objetivo analisar a lateralidade e a destreza manual em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Do ponto de vista da motricidade humana, a lateralidade contribui para o processo de maturação motora. Figura-se entre as principais características do autismo o atraso nas habilidades motoras grossas e finas, com piora progressiva no quadro. Analisar o nível de lateralidade do indivíduo com TEA torna-se importante por possibilitar uma direção na intervenção motora com o intuito de melhorar a funcionalidade do autista e sua qualidade de vida. A amostra deste estudo foi composta por oito crianças, alunos de uma instituição de ensino pública, do sexo masculino, com idade média de 8,75±1,83 anos e diagnosticadas com TEA com base no DSM-V. Os resultados mostraram que os participantes do estudo parecem apresentar lateralidade destra e, também, melhor desempenho com a mão preferida em uma tarefa de destreza manual. Observou-se que, na tarefa que exigiu maior atenção e destreza, a diferença no desempenho das mãos foi significativa. Já na tarefa com menor demanda atencional e de destreza manual, o desempenho entre as mãos não foi significante, porém foi nesse momento que foram observados os maiores erros na execução. A motivação pode ser uma variável fundamental para o desempenho motor em tarefas que avaliam o tempo de execução. É importante uma maior ênfase no desenvolvimento da motricidade desses indivíduos durante a fase escolar para diminuir as dificuldades motoras e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida, sensação de bem-estar, autonomia e interação social.

Desempenho motor em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma revisão integrativa da literatura

“…Sobre o desempenho motor de crianças e adolescentes com TEA, estudos sugerem alterações físicas e anatômicas como hipotonia muscular e alterações posturais, o que afetaria diretamente o alcance de marcos motores por parte de crianças com TEA (Kanner, 1943;Iverson et al, 2015;Teixeira et al, 2019). Desvios nos padrões de movimentos são sugeridos em alguns estudos (Edwards et al, 2016;Krüger et al, 2019;Fernandes et al, 2020), inclusive naqueles que investigaram os padrões de marcha de crianças com TEA, que se apresentaram alterados devido às questões sensoriais aumentadas em sujeitos com este transtorno (Liu, 2013;Oliveira et al, 2018). Alterações na coordenação motora fina e global também se mostraram evidenciadas nessa população (Hedgecock et al, 2018;Rodrigues et al, 2018;Lima et al, 2019;Iverson et al, 2019;Fernandes et al, 2020;Quedas et al, 2019), assim como dificuldades na realização de atividades motoras que dependam da interação entre visão e sistema motor, noção espaço/tempo aparece comprometida em crianças/adolescentes com TEA (Choi et al, 2018;Bruyneel et al, 2019).…”

“…Em relação à classificação por sexo, apenas três artigos incluíram somente meninas (Rosa Neto et al, 2013;Ament et al, 2015;Choi et al, 2018), treze artigos incluíram somente meninos (Casey et al, 2015;Teixeira-Machado, 2015;Goff et al, 2016;Colebourn et al, 2017;Pan et al, 2017;Pereira et al, 2017;Case et al, 2018;Oliveira et al, 2018;Diniz et al, 2019;Santos et al, 2018;Vukićević et al, 2019;Fernandes et al, 2020;Oliveira et al, 2020), enquanto que os demais estudos (n=45) avaliaram ambos os sexos. Em relação aos sexos, 73,7% dos estudos conteve em suas amostras sujeitos de ambos os sexos, 21,3% sujeitos apenas do sexo masculino e 4,9% apenas sujeitos do sexo feminino.…”

“…Dos estudos que realizaram diagnóstico apenas de capacidades motoras (n=17), todos encontraram desempenho inferior para crianças/adolescentes com TEA, sendo nove em capacidades como coordenação das mãos, coordenação dinâmica geral, equilíbrio, organização espaço-temporal, agilidade e lateralidade. Os demais estudos encontraram desempenho inferior para capacidades motoras como função motora fina/grossa, percepção visual e linguagem expressiva/receptiva (Choi et al, 2018;Hedgecock et al, 2018;Rodrigues et al, 2018;Bruyneel et al, 2019;Iverson et al, 2019;Lima et al, 2019;Fernandes et al, 2020).…”

Tecnologias Digitais E Educação: Uma Perspectiva Marxista

“…Nos próximos anos, um número significativo de subsíndromes ligadas ao complexo "autismo" deverá ser identificado, resultando em um aumento no conhecimento da área que será significativo em breve (Fernandes et al, 2020).…”

EDUCAÇÃO E TECNOLOGIAS: potencialidades e limitações

“…As crianças autistas que apresentam boa lateralidade normalmente têm melhores ganhos com relação à coordenação motora, verbalização e cognição, comparando-as com as menos lateralizadas. A lateralidade impacta tanto na forma de como ela arremessa uma bola quanto numa atividade cotidiana, como abrir uma porta utilizando uma chave ou se comunicar (FERNANDES, 2020). Conforme Del Ré (2006), de maneira geral, a construção da linguagem é vista como o processo por meio do qual a pessoa conquista a capacidade de perceber, produzir e utilizar sons para comunicar-se.…”