Agradeço, imensamente, às professoras e aos professores responsáveis pela existência deste trabalho, especialmente, e com uma enorme dose de carinho, à Professora Doutora Marlise Vaz Bridi, pela atenção e cuidado, sempre vestidos da mais admirável perspicácia acadêmica.Agradeço a minha mãe, a meu pai e a meus irmãos, pela paciência e pelo amor.Às amigas e aos amigos, agradeço o companheirismo, os conselhos, a proximidade e o carinho.Sem vocês, nada seria possível.
EPÍGRAFEMas um dia virá em que, muito mais velha, você voltará a ler histórias de fadas.
C. S. Lewis
RESUMOO conto de fadas permanece no imaginário popular e continua sendo contado e recontado.Neste estudo, busca-se, por meio da análise comparativa de diversos processos de atualização do discurso narrativo literário, observar a relação dialógica entre um conto de fadas, Branca de Neve -em sua versão de Wilhelm e Jacob Grimm, do século XIX, tomada aqui como conto de partida -e duas narrativas curtas contemporâneas, também chamadas Branca de Neve, das autoras portuguesas Lídia Jorge e Maria Teresa Horta. Duas premissas teóricas norteiam o trabalho: a primeira é que a Literatura é um discurso estético, e, como tal, é histórica, dialógica, social e ideológica (BAKHTIN, 1988(BAKHTIN, , 1997BENVENISTE, 1976); sendo, pois, o conto um discurso literário, entende-se que ele é também definido pelas características do discurso apontadas. Desse modo, como uma forma histórica (PONTIERI, 2012), pode-se dizer que o conto se atualiza no tempo, transformando-se sem nunca romper totalmente com suas formas anteriores. A segunda premissa teórica que direciona esta pesquisa é a que o texto literário narrativo é um discurso figurativo, no qual se figuram as três categorias de mundo: sujeito, tempo e espaço (BENVENISTE, 1976). A partir destas premissas, o trabalho busca entender como os contos contemporâneos atualizam a figura da protagonista Branca de Neve, dos Grimm, nas figuras das protagonistas Branca e Maria da Graça, respectivamente de Maria Teresa Horta e Lídia Jorge, assim como suas relações com o espaço narrativo e o papel da violência como elemento narrativo, tomando, sempre, como ponto de partida, o conto dos Irmãos Grimm. Duas hipóteses são investigadas nesta pesquisa: a primeira e mais ampla diz que, sendo o conto uma forma histórica, ele se atualiza no tempo e, uma vez que não é possível uma ruptura completa com relação às formas anteriores, os contos contemporâneos analisados deverão conter atualizações de elementos constitutivos -personagens, enredo, narrador, tempo e espaço -do conto de fadas, mantendo uma relação dialógica com ele. A segunda hipótese, que deriva da existência dessa atualização -seja como continuidade ou como ruptura do conto de fadas nas narrativas contemporâneas -, é a de que a violência está presente em todos os elementos narrativos dos contos e é em torno dela que o processo de atualização e a relação dialógica entre os contos se fundamenta.