“…Eu vinha para casa suando. Mas eu não podia entrar no banheiro (Ametista).Um dos espaços apontado pela participante como (re)produtor de violências foi a escola, corroborando com estudos que demonstram que o ambiente escolar é um dos locais nos quais as pessoas trans, de modo geral, mais sofrem violência.Apesar de ser um lócus para formação e desenvolvimento social do indivíduo e que deveria celebrar a diversidade e a pluralidade, a instituição escolar reproduz norma de vivência do gênero e sexualidade pautadas nas visões heteronormativas, onde a possibilidade dos corpos se restringe a experiência heterossexual e cisgênera em que deve apenas aceitar a definição homem-pênis e mulher-vagina, relegando a corpos que rompem essa norma, a abjeção, marginalização e exclusão (BENTO; XAVIER;SARAT, 2020;BUTLER, 2000).O espaço escolar se torna para essas sujeitas um espaço em que a violência se inicia por meio simbólico, ao passo que o sistema educativo ainda difunde conceitos baseados na dominação masculina e no enfraquecimento das identidades de gênero femininas. Esses conteúdos e que o modo como essas instituições lidam com as questões de gênero podem ser ou não "elemento gerador de violências."…”