Algumas considerações teóricas e metodológicas sobre estudos de sociologia do envelhecimento

Abstract

Resumo Este artigo trata do envelhecimento humano sob a perspectiva histórica e sociológica ressaltando a importância do olhar analítico e crítico do pesquisador sobre a construção da velhice como problema social e da generalização do fenômeno. Fruto de uma pesquisa qualitativa sobre o cotidiano do trabalho e da família dos idosos trabalhadores de baixa renda em Belo Horizonte, este estudo traz algumas propostas metodológicas de abordagem sociológica do envelhecimento e levanta questões importantes a serem esclarecidas antes e durante a pesquisa deste tema construído histórica e socialmente, mas que também está diretamente ligado à realidade individual de finitude do corpo.

Habitação apropriada para pessoa idosa: aspectos de saúde e bem-estar

“…O envelhecimento deve ser analisado com cuidado, pois trata-se de refletir sobre a sociedade na qual se está inserido, percebendo-se que existem inúmeras velhices (COUTRIM, 2006). Estudar a complexidade do envelhecimento torna-se urgente em países com rápido incremento da população idosa, com vistas a desenvolver estratégias para garantir que as necessidades dessa população sejam supridas com qualidade (de DEUS, 2010).…”

Habitação e bem-estar: estudo de caso na Vila dos Idosos, São Paulo, SP

“…O envelhecimento não é uma categoria abstrata e genérica que se aplica a todas as sociedades e estratos sociais, embora se saiba que se trata de um processo biológico, é importante questionar o que é ser velho. Refletir sobre o envelhecimento implica em refletir sobre a sociedade em que se vive e sobre a humanidade, percebendose que existem inúmeras velhices (COUTRIM, 2006).…”

“…A velhice é constituída de atributos biológicos e sociais e não pode ser interpretada como uma categoria única, abstrata, desprovida de pressupostos econômicos, sociais e históricos, portanto, o ideal seria falar a respeito das velhices. Atualmente é possível observar os diversos perfis de idosos: os pobres, os ricos, das camadas médias, os inválidos, os que se mantêm ativos no trabalho e no lazer, os que habitam a zona rural, os que vivem nas cidades, os excluídos, os chefes de domicílio, entre outros (COUTRIM, 2006).…”

“…Pesquisadores como sociólogos, antropólogos e historiadores buscam desconstruir o conceito de velhice, questionando se a sociedade envelhece igualmente, o quão determinante é para o indivíduo a idade de 60 ou 65 anos, quem pode ser considerado velho e quem pode ser considerado jovem, se o conceito de velhice é o mesmo em todas as sociedades (COUTRIM, 2006).…”

“…As divisões entre as idades podem ser arbitrárias, uma criança de cinco anos pode considerar uma pessoa de 40 velha, já um idoso de 80 anos pode considerar um outro de 60 jovem (COUTRIM, 2006). Nesse sentido Bestetti (2006, p. 114) cita um comentário da escritora Simone de Beauvoir: "o envelhecimento e a velhice aparecem com maior clareza aos olhos dos outros do que aos olhos de nós mesmos".…”