Circulação: das múltiplas perspectivas de valor à valorização do visível

Abstract

Resumo Este artigo parte da observação do papel amplificado atribuído às imagens em um cenário de midiatização. Estes textos, postos em circulação, adquirem força quando agenciam fluxos de produção de sentido, isto é, as fotografias e vídeos deixam de ser registros para se tornar, efetivamente, os próprios acontecimentos a que se referem. Assim, toma-se como ponto de partida a ideia de que a circulação é um espaço de atribuição de valor (ROSA, 2016a) onde a regulação do visível se dá de forma tentativa entre as esferas em jogo. O foco, deste texto é discutir o conceito de valor a partir de múltiplas perspectivas como valor de troca, valor simbólico e não-valor. Para isso, serão realizados dois movimentos: a reflexão teórica e a análise empírica. Como aportes teóricos recorremos a Eliséo Verón, Carl Schmitt, Pierre Bourdieu e Giorgio Agamben. Já a análise empírica centra-se no caso da fotografia de uma jovem muçulmana, registro jornalístico do atentado terrorista de Westminster, em Londres.

Mito do complô: embates de sentido na circulação de boatos sobre fraude eleitoral

“…Para Braga (2006, p. 28), a circulação é um sistema interacional caracterizado pela "movimentação social dos sentidos e dos estímulos produzidos", seja tendo a mídia como estopim ou o fazer de atores sociais. Rosa (2019), por sua vez, considera a circulação como uma relação de atribuição de valor que se dá nas interações. Isto é, a fraude eleitoral só se concretiza enquanto uma problemática de comunicação a partir do momento em que é valorada por diferentes sujeitos e atores, acionando camadas de sentido já presentes em nosso imaginário.…”

“…O enfoque na comunicação, enquanto campo de conhecimento, é amparado nos trabalhos de Barros (2019) e Bucci & Kehl (2004), pela visada das teorias do imaginário; o conceito de circulação, debatido por Braga (2006), Rosa (2019) e Veron (1996, nos auxilia a problematizar a produção de sentidos que se estabelece nas interações sociais. Por outro lado, Gomes (2017) nos dá o prisma da midiatização enquanto ambiência, como o fio condutor que nos permite compreender como atores diversos agenciam múltiplos circuitos em torno do tema da fraude eleitoral, criando contradições entre realidades fluidas e imaginários cristalizados, e desafiando as autoridades instituídas do jornalismo e do poder judiciário.…”

Olhar corpos e produzir imagens

“…Contudo, a complexidade que existe entre a filmagem e a efetiva mobilização escapa ao recorte aqui pretendido. Para uma discussão sobre a dinâmica conflitiva da circulação social de imagens, indicamos, por exemplo, o artigo "Circulação: das múltiplas perspectivas de valor à valorização do visível", de Ana Paula daRosa (2019).16 No sentido dado por Rancière (1996), não confundindo-se ou, neste caso, não limitando-se às ações das forças de segurança pública, a corporação policial.…”