Impactos da Covid-19 sobre catadores de materiais recicláveis organizados no Estado de São Paulo

Abstract

Resumo Este estudo, realizado com organizações de catadores em 32 municípios do Estado de São Paulo, busca analisar os impactos da Pandemia de Covid-19 sobre as atividades dessas organizações e seus integrantes, incluindo as medidas tomadas pelo governo e outros atores visando aliviar os impactos decorrentes da crise.O referencial teórico discute a relação entre movimentos sociais e políticas públicas, uma vez que catadores organizados interagem com diversos níveis de governo em situações de colaboração e conflito, prestam serviços de gerenciamento de resíduos municipais, sendo frequentes ações coletivas buscando melhorias nessa relação. Pesquisa documental e aplicação de questionários informam sobre as interações dos catadores, evidenciando problemas estruturais e sistêmicos que ganharam relevo com a crise, destacando suas dificuldades, conquistas e reivindicações como movimento social.

Impactos da Covid-19 na associação de catadores de materiais recicláveis do município de Itacoatiara-AM

“…Além disso, 90% dos entrevistados relataram que diminuiu o valor do material na comercialização, alegando que antes do período pandêmico faturavam aproximadamente R$ 80,00 (oitenta reais) por semana, enquanto na pandemia esse valor foi reduzido para R$ 50,00 (cinquenta reais). Essa queda na geração de resíduos recicláveis e dos valores arrecadados também foi observada no estudo de Azevedo et al (2022), onde se mostra que os catadores foram influenciados significativamente com a pandemia da COVID-19.…”

“…Durante a pandemia, a realidade dos catadores foi agravada também pela ausência de renda por um período significativo (AZEVEDO et al, 2022). Dessa forma, uma das ajudas aos catadores constantes deste estudo foi a entrega de cestas básicas, oriundas de programas de assistência social para catadores e catadoras de materiais recicláveis do Estado do Amazonas.…”

“…Os impactos da COVID-19 englobam vários aspectos, principalmente no que tange o armazenamento dos resíduos, frequência de coleta, alteração na quantidade e composição, modificação na distribuição (KALANTARY et al, 2021) e mudança na segurança e risco de infecção por RSU (TRIPATHI et al, 2020). Além disso, outra problemática relacionada com a pandemia é a coleta seletiva, onde alguns estados e cidades brasileiras tiveram este tipo de serviço suspenso (AZEVEDO et al, 2022) devido aos riscos de contaminação sofridos pelos profissionais e cooperativas que fazem a triagem de resíduos (MOGHADDAM et al, 2023).…”