Corpos, “Mentes”, Emoções: Uma Análise Sobre Tdah E Socialização Infantil

Abstract

Resumo Este artigo problematiza o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), entendendo que sua delimitação clínica e social se orienta por normas de conduta que configuram o processo de socialização infantil. Trata de questões emergentes de dois trabalhos de campo, realizados em um ambulatório de psiquiatria infantil (dissertação de mestrado da autora deste artigo) e em escolas brasileiras (tese de doutorado), nos períodos de 2009-2011 e 2012-2016, respectivamente. Parte-se da questão de gênero suscitada pela prevalência do transtorno para analisar algumas dessas normas de conduta social - sobretudo aquelas relacionadas ao controle da corporalidade e das emoções -, e do estigma sofrido por crianças diagnosticadas para compreender a legitimação de intervenções especializadas bem como a produção de identidades. Almeja-se explorar a conjuntura da sociedade contemporânea, que articula o domínio sobre o corpo, a “mente” e as emoções para conferir sentido às condutas, crenças e desejos coletivos e individuais.

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade em crianças: uma revisão bibliográfica

“…Menciona-se que o TDAH atinge cerca de 5,2% das crianças e adolescentes e possui uma prevalência em meninos, sendo essa razão de cerca de 2:1. As meninas têm uma incidência menor desse tipo de transtorno e apresentam geralmente sintomas primários de desatenção (Barbarini, 2020).…”

“…A percepção dos sintomas do TDAH é geralmente identificada antes dos 12 anos de idade e observa-se no DSM-V que esses sintomas são marcados por comportamentos patológicos, podendo acarretar em sofrimento psicossocial. Ademais, as formas de distinção entre sintomas de TDAH e comportamentos infantis normais estão relacionadas com a intensidade, a persistência e o prejuízo, princípios esses que impactam negativamente a vida daqueles que possuem o transtorno, seja no âmbito pessoal, social, acadêmico e/ou profissional (Barbarini, 2020).…”

“…Acredita-se ainda, na alta relevância da contribuição genética no TDAH, pois vários genes de pequeno efeito podem ser responsáveis por uma vulnerabilidade genética ao transtorno, à qual se somam diferentes agentes ambientais. Por isso o surgimento e a evolução do TDAH em um indivíduo parecem depender de quais alelos estão presentes, de quanto cada um deles contribui para a doença e das inter-relações desses genes entre si e com o ambiente (Barbarini, 2020).…”