Como famílias de baixa renda em São Paulo conciliam trabalho e família?

Abstract

Resumo: Embora a participação das mulheres no mercado de trabalho tenha aumentado, a comparação entre a carga de responsabilidade familiar entre homens e mulheres e seus diferentes impactos na vida pessoal e profissional de pais e mães ainda é bastante desigual. Partindo de uma pesquisa representativa de 700 mães e pais com crianças pequenas e residentes em bairros de baixa renda em São Paulo, esse artigo analisa a diferença de gênero no mercado de trabalho, sua relação com as responsabilidades familiares e acesso a creches e pré-escolas para seus filhos nesta classe social. A análise desses dados permite concluir que os impactos do conflito trabalho-família são desproporcionais para as mães, independente de preferirem ou não permanecer no mercado de trabalho. Políticas de coparticipação do Estado e dos pais no cuidado são indicadas para redução desse conflito.

[Artigo Retratado] Conflito Trabalho-Família: A Produção Científica Internacional E a Agenda De Pesquisa Nacional

“…A dupla jornada de trabalho (NOOR, 2002) e as obrigações familiares atribuídas à mulher (LJUNGGREN;KOLVEREID, 1996;MORRIS et al, 2006) culminam no aumento do conflito trabalho-família enfrentado por elas. Isso é o resultado de as mulheres estarem contribuindo para o orçamento familiar por meio do seu trabalho e o empenho masculino para auxiliar nas tarefas domésticas não crescer na mesma proporção (SORJ;FONTES;MACHADO, 2007;ÖUN, 2012;MADALOZZO;BLOFIELD, 2017).…”

Estratégias de atenuação do conflito trabalho-família utilizadas por empreendedoras

“…The feminist revolution of the 1960s brought the change in women's roles in a process intensified with their insertion in the labor market. In this context, the constant management of work and family demands directly affects women's participation in the labor market, and their professional progress (Guiginski & Simone Wajnman, 2019;Madalozzo & Blofield, 2017;Woolnough & Redshaw, 2016).…”

“…Once overcoming the initial barriers to credit and access to information, women face difficulties with a clear gender bias: matching the growing demands of a new venture with family demands, which are generally not shared with men (Madalozzo & Blofield, 2017;Sevä & Öun, 2015). Teixeira and Bomfim (2016) and the study by RME (2019) confirm this fact.…”

“…These conflicts can be even greater when women become mothers. Examples of how this issue has been portrayed in the literature are the study by Madalozzo and Blofield (2017), who show that the impacts of family responsibilities are disproportionate to mothers, whether or not they remain in the labor market; the contribution by Brown (2010), discussing the "price of motherhood," where motherhood reduces the chances of professional advancement; the Williams's (2004) discussion about the time spent looking after the children, which reduces the time dedicated to the enterprise; and the study by Wallace and Young (2008), who pointed out that the presence of children is negatively related to women's productivity. Khan and Rowlands (2018) add that the main challenges faced by 'mompreneurs' are time management, slow growth, initial business financing, the stigma that their business is a hobby, and achieving family balance.…”

“…In these cases, as presented by Strobino and Teixeira (2014) and Madalozzo and Blofield (2017), the woman's opportunity to work depends on a complex combination of personal and family conditions, such as marital structure and the presence of children. In addition, the research by Keith and Schafer (1980) indicated that women put financial problems as the most important factor in the emergence of work-family conflicts.…”