A fenomenologia dos corpos que não devem produzir desejo

Abstract

Resumo: Trata-se de artigo com inspiração teórica fenomenológico-existencial. Pretende desvelar sentidos/sentidos acerca do corpo que não deve produzir desejo, do corpo com paralisia cerebral, a partir do afloramento sexual da personagem Gabriela Brimmer, do filme Gaby, uma história verdadeira. Como metodologia, utiliza instrumentos da pesquisa fenomenológica como descrição e versão do sentido. Como resultado, mostra que a produção desvela o protagonismo da moça, que evidencia corpo paralisado, mas não imóvel, não silenciado de ânsias, quebrando o paradigma da pessoa com paralisia cerebral como eterna infante, assexuada e, por isso, destituída de desejos. Como considerações finais, desvela que abafar o desejo sexual significa emudecer desejos vitais, que perpassam as existências.

A (im)possibilidade de ser mulher e mãe com deficiência: uma revisão integrativa

“…Outro fator que somatiza a compreensão de que a mulher com deficiência não é capaz de reproduzir é a infantilização (23) . De acordo com Wolowicz-Ruszkowska (34) , muitas mulheres são abordadas por profissionais da saúde na terceira pessoa ou com termos infantilizadores, e expressando opiniões negativas sobre os planos de maternidade, além da descrença de que são mães de seus próprios filhos (22,(30)(31) . Também foi identificado desconhecimento sobre sexualidade e a possibilidade de ser mãe com deficiência devida a lesões medulares adquiridas (24) .…”

“…A perda física é relacionada à perda da feminidade, resultando em um fenômeno de "terceiro sexo", ou seja, não exercem sua sexualidade (conclusão) A (im)possibilidade de ser mulher e mãe com deficiência: uma revisão integrativa pois não são atraentes ou não possuem desejos (34) . Um reflexo estigmatizante é a perda de identidade real, sendo identificadas pela sua deficiência e não pelo nome social, ou seja, "a manca", "a cega", "a cadeirante", ocasionando mais frustrações pessoais (22) .…”

“…O tabu em relação à sexualidade está fortemente relacionado ao tipo de deficiência. A suposição de assexualidade afeta principalmente mulheres com deficiências físicas visíveis (34) . Identifica-se também que saúde sexual não é apenas sobre prevenir IST, gravidez não planejada e experiências sexuais negativas, mas também orientar as pessoas sobre os meios para vivenciar a sexualidade de forma positiva, por meio de programas de educação sexual (7) .…”

“…A falta de compreensão e aceitação da gravidez/maternidade pela família da mulher com deficiência foi algo frequente nas falas (24) . Por outro lado, o apoio da mãe é visto como essencial (34) . Algumas mulheres descrevem sentirem-se mais confortáveis em compartilhar notícias sobre gravidez nas mídias sociais que pessoalmente (28) .…”

“…Algumas mulheres se sentem amedrontadas pelo fato de engravidarem, gerarem e não poderem ser mães devido ao julgamento de sua incapacidade para cuidarem dos filhos (24,29) . A escolha e o exercício da maternidade por mulheres com deficiência, além de dificuldades encontradas, trazem grandes transformações e pontos positivos em suas vidas (34) . A inversão de papéis às vezes acontece, tendo o filho como cuidador da mãe e uma pessoa vista como independente e responsável (20,25,26) .…”