2016
DOI: 10.1590/1806-9584-2016v24n3p909
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Para além dos feminismos: uma experiência comparada entre Guiné-Bissau e Brasil

Abstract: Resumo: Embora tenham suas especificidades - geográficas, demográficas, políticas, econômicas, étnicas e raciais, tanto o Brasil quanto a Guiné-Bissau são ex-colônias portuguesas e apresentam-se como duas realidades sociais em que as mulheres negras, etnicamente diferenciadas e racializadas, elaboram um novo tipo de feminismo a partir de suas relações com ações coletivas dos seus grupos de pertença na reivindicação dos próprios direitos. Referindo-se à América Latina, Lugones (2008) demonstrou como a coloniali… Show more

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“…Enquanto a África ainda se define contra o Ocidente da mesma forma que o Ocidente, desde a era colonial, construiu a África como um 'outro', a África ainda está enredada em uma 'armadilha colonial' e ainda não alcançou a autodefinição e, por conseguinte, total independência. (MEKGWE, 2006, p. 21-22) A superação da armadilha colonial tem-se dado, em larga medida, pelo reconhecimento das limitações das abordagens afro-centradas, buscando incorporar o contencioso e criticado conceito de gênero (APUSIGAH, 2006;MEDIE, 2019a) e uma ampla agenda de direitos das mulheres, democracia, desenvolvimento e justiça (FIGUEIREDO; GOMES, 2016;LEWIS, 2006;MAMA, 2004;OSSOME, 2020;TRIPP, 2015). Isso não significa a rejeição dos temas caros à África, nomeadamente o (neo)colonialismo e seus persistentes efeitos: ao contrário, as feministas africanas associadas a essas abordagens utilizam a chave conceitual do colonialismo para interpretar a África e superar a condição de "outro".…”
Section: Feminismos Na áFrica: Um Mosaico Dentro Do Mosaico Feministaunclassified
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“…Enquanto a África ainda se define contra o Ocidente da mesma forma que o Ocidente, desde a era colonial, construiu a África como um 'outro', a África ainda está enredada em uma 'armadilha colonial' e ainda não alcançou a autodefinição e, por conseguinte, total independência. (MEKGWE, 2006, p. 21-22) A superação da armadilha colonial tem-se dado, em larga medida, pelo reconhecimento das limitações das abordagens afro-centradas, buscando incorporar o contencioso e criticado conceito de gênero (APUSIGAH, 2006;MEDIE, 2019a) e uma ampla agenda de direitos das mulheres, democracia, desenvolvimento e justiça (FIGUEIREDO; GOMES, 2016;LEWIS, 2006;MAMA, 2004;OSSOME, 2020;TRIPP, 2015). Isso não significa a rejeição dos temas caros à África, nomeadamente o (neo)colonialismo e seus persistentes efeitos: ao contrário, as feministas africanas associadas a essas abordagens utilizam a chave conceitual do colonialismo para interpretar a África e superar a condição de "outro".…”
Section: Feminismos Na áFrica: Um Mosaico Dentro Do Mosaico Feministaunclassified
“…Inseridos num mundo globalizado, esses Estados são ao mesmo tempo resultado de resistências internas e articulações com as elites globais (LEWIS, 2001;MAMA, 2004). Outrossim, com o fim da Guerra Fria e a expansão do modelo liberal de mercado e democracia, as agendas das feministas africanas passam a se preocupar em combater os efeitos deletérios das políticas de ajuste estrutural promulgadas por seus Estados sob a supervisão das instituições financeiras internacionais (Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, especificamente), bem como questões de justiça, direitos das mulheres, violência de gênero e igualdade entre os gêneros (FIGUEIREDO; GOMES, 2016;OSSOME, 2020). O resultado dessa nova realidade é o surgimento de modalidades inovadoras de luta política e rebelião, assim como de uma crítica ao modelo liberal de justiça que se preocupa tão somente com a inclusão de mulheres.…”
Section: O Mosaico Analítico Das Eras Feministas Africanasunclassified
“…Nesse sentido, o gênero é compreendido não como um conceito fixo mas fluido e que se entrelaça com outras clivagens sociais estruturantes do poder. Esse carácter intersecional do gênero vem sendo salientado nas análises feministas africanas da contemporaneidade com vistas a compreender temas complexos como a inserção das mulheres na política e na economia no pós-conflitos armados 50 ; a prevalência endêmica da violência de gênero no continente, seja nos momentos de paz, seja nos de conflito 51 ; e as intrincadas relações entre gênero, etnia, religião, sexualidade, casta e classe 52 . Como enfatiza Yacob-Haliso 53 , a intersecionalidade «emerge como um dos principais referenciais analíticos para conferir sentido à complexidade das diferenças de poder das mulheres que emanam das identidades e de seu carácter de mútuo reforço», salientando a necessidade de um olhar multidimensional para as diversas realidades africanas.…”
Section: Feminismos Africanos: Debates E Tensões Epistemológicasunclassified
“…A luta de independência, que culmina com a fundação da República de Guiné-Bissau em 1973, resultou dos ativismos de guineenses e caboverdianos, unidos sob a bandeira da descolonização europeia na África. As mulheres, como membros indissociáveis de ambas as sociedades, participaram ativamente do processo de libertação, sendo reconhecidas pelo mérito de sua luta (FIGUEIREDO;GOMES, 2016;GOMES 2016).…”
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