Esta dissertação apresenta três exercícios historiográficos acerca da cultura visual carioca do início do século XX, em que se evidenciam aspectos contraditórios de relações de classe, gênero e origem, por meio de diferentes operações de identificação e distinção. O primeiro capítulo analisa as imagens remanescentes de Circuito de São Gonçalo (Empresa F. Serrador, 1909), sobre a corrida de automóveis homônima, em diálogo com filmes estrangeiros semelhantes, buscando aproximar progresso e catástrofe. O segundo capítulo mapeia a presença dos simuladores cinematográficos no Brasil, que emulavam passeios de automóvel, e discute a experiência de seu espectador. Esses aparelhos são entendidos como um cenário no qual os presentes agiam como atores de uma encenação proposta pelo ambiente da atração. O terceiro capítulo sugere um percurso imaginário para o casal de caipiras que protagonizou o filme Sô Lotero e nhá Ofrasia com seus productos na Exposição (Labanca, Leal e Cia., 1908), hoje perdido. O encontro entre personagem ingênua e o universo cosmopolita condensou tanto o fascínio ligado aos signos da modernidade quanto a ansiedade provocada por eles. Palavras-chave: 1. Primeiro cinema brasileiro; 2. Cinema de atrações; 3. Automóvel; 4. Espectatorialidade; 5. Cultura visual.