Acumulação de capacidades tecnológicas inovadoras na indústria de defesa em economias emergentes: a experiência dos projetos REMAX e TORC30 no Exército Brasileiro

Abstract

Resumo Exame do processo de acumulação de capacidades tecnológicas para inovação e do papel dos processos subjacentes de aprendizagem tecnológica no contexto dos projetos Reparo de Metralhadora Automatizado X (REMAX) e Torre Operada Remotamente e Estabilizada para Canhão 30mm (TORC30) do Exército Brasileiro (EB), durante o período de 1999 a 2016. Baseando-se em evidências empíricas primárias e secundárias, em uma escala que identifica níveis de capacidades tecnológicas e em um modelo de processos de aprendizagem tecnológica, identificou-se durante o período estudado a evolução do nível de capacidades tecnológicas de básico para avançado. Essas capacidades tecnológicas se refletiram em atividades inovadoras: prototipagem, design e pesquisa e desenvolvimento (P&D). Elas foram acumuladas por meio de esforços deliberados e eficazes em mecanismos de aprendizagem utilizados, de forma cíclica, em quatro etapas cumulativas: (i) preparação, (ii) aquisição de conhecimento externo, (iii) assimilação de conhecimento adquirido externamente e criação de conhecimento internamente e (iv) aplicação em atividades inovadoras. Portanto o estudo explora, do ponto de vista micro, a natureza e a dinâmica do processo de aprendizagem subjacente à acumulação de capacidades para inovação em uma indústria raramente estudada dessa perspectiva, particularmente no contexto brasileiro. A indústria de defesa possui um papel importante no desenvolvimento dos países. As inovações tecnológicas implementadas no âmbito desta indústria geram demandas importantes, tais como profissionais qualificados e atividades científicas e tecnológicas de diversos componentes do sistema de produção e de inovação em nível nacional, também oferecem grande potencial de aplicações múltiplas em outras indústrias, assim como na sociedade como um todo.

Por dentro da Engesa-Engenheiros Especializados, 1974–1990: Armas, negócios e inserção internacional de uma empresa brasileira

“…Sendo assim, aparece aqui a necessidade de auscultar a continuidade, a mudança e a ruptura nas políticas setoriais no contexto da transição e consolidação democrática brasileira. Reitere-se que a documentação consultada sugere que os executivos da Engesa tiveram considerável apoio dos governos de Geisel e Figueiredo (Silva 2021;Bello, Figueiredo e Almeida 2020). Tal entusiasmo governamental com a indústria de defesa e com a exportação de armas diminuiu a partir da redemocratização (Moraes 2021;Messias da Costa 2021).…”

“…Com efeito, essa minicrise de janeiro de 1981 ilustra bem o padrão de relacionamento entre o empresariado e as áreas militar, econômica e civil do governo de Figueiredo (Silva 2021). Ela também reflete as percepções e interpretações de atores com vínculos e interesses no devir de uma das mais importantes e até paradigmáticas empresas da indústria de defesa, bem como suas correlações com a exportação de armamento e a política externa brasileira (Bello, Figueiredo e Almeida 2020). Desse modo, infere-se que, em última instância, tratava-se de parcerias públicas (militares e civis) e privadas, que influíam poderosamente na formulação e implementação de políticas públicas setoriais, inclusive no campo da política externa brasileira.…”