Introdução: O Guia Alimentar para a População Brasileira (GAPB) traz em suas recomendações a regra de ouro: “Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados (AUP)”. Dentre os alimentos que devem ter preferência de escolha, é possível destacar as frutas, legumes e verduras (FLV), que estão associados a um menor risco de mortalidade. Além disso, ressaltase que o consumo alimentar está associado a muitos fatores, como socioeconômicos, comportamentais e individuais. Objetivo: Avaliar os fatores associados ao consumo alimentar, com base nas recomendações do GAPB, dos participantes da linha de base da Coorte de Universidades Mineiras – Projeto CUME. Métodos: Trata-se de um estudo transversal com brasileiros graduados da linha de base do Projeto CUME, dos anos 2016 e 2018. Os indivíduos responderam a um questionário online, contendo perguntas sobre condições demográficas, socioeconômicas, antropométricas, estilo de vida, questões relativas à saúde e um Questionário de Frequência de Consumo Alimentar quantitativo. O consumo alimentar foi avaliado por meio do grau de processamento dos alimentos, com base na regra de ouro do GAPB, e por meio do consumo de FLV. Os fatores associados foram divididos em três blocos: bloco 1, socioeconômicos (estado civil, escolaridade, situação profissional, renda individual e familiar); bloco 2, comportamentais (atividade física, consumo de álcool, uso do tabaco e consumo de leguminosas, de sucos naturais, de alimentos ultraprocessados, de refrigerantes e sucos industrializados e de fast foods); bloco 3, individuais (sexo, idade, cor da pele, auto percepção de saúde e presença de obesidade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes melittus e depressão). Para verificar os fatores associados ao consumo alimentar, utilizou-se regressão múltipla hierarquizada. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa das universidades participantes. Resultados: A amostra foi composta por 4.124 indivíduos, com mediana de idade de 34 anos e intervalo interquartil (IQ) de 12 anos. A maioria era do sexo feminino (68,1%), não casados legalmente ou sem união estável (51,9%) e cor de pele branca (65,1%). A escolaridade mínima foi a graduação, característica desta população, sendo que 72,5% são pós-graduados. A mediana de energia total consumida foi de 2223,97 kcal (IQ: 1107,64 kcal), e o percentual de energia relativo foi: 65,5% de alimentos in natura, minimamente processados, preparações culinárias e ingredientes culinários; 10% de alimentos processados e 24,5% de AUP. Os fatores associados ao consumo alimentar, segundo o grau de processamento dos alimentos, foram estado civil, renda, atividade física, consumo abusivo de álcool, uso do tabaco, sexo, cor da pele, idade, obesidade, diabetes e depressão. O consumo adequado de FLV ocorreu em 62,2% da população, e se associou à atividade física, consumo de leguminosas, consumo de sucos de frutas natural, sexo feminino, idade e menor consumo de AUP. Conclusão: Demonstra-se a importância de avaliar o consumo alimentar e seus fatores associados. Além disso, apresenta uma discussão importante referente a questões específicas desta população, que amparam intervenções mais eficazes. Por fim, apresenta detalhamento importante da linha de base do Projeto CUME, contribuindo com evidências relevantes e sustentando novas pesquisas de delineamento longitudinal dessa população.