Configurações de terras e mães: dialogando com Louis Marcelin através de um campo em conflito

Abstract

Resumo A tese de Louis Herns Marcelin tem sido relida por mim em um contexto de pesquisa sobre violência e conflitos por terra em comunidades tradicionais de Pinhão, Paraná. Neste trabalho, reflito sobre a noção de “configuração de casas” e as questões que suscita para um campo onde casas são indissociáveis de terras e de lutas por terras. Levando em consideração a centralidade que as mães e suas atividades assumem na produção dessas configurações, problematizo os modos com que Marcelin aborda as relações de gênero no Recôncavo Baiano. Busco assim elaborar um diálogo entre a discussão do autor, as experiências das mães que vivem os conflitos em Pinhão e as etnografias recentes sobre gênero, maternidade, violência e terra no Brasil.

Nos rastos do passado: costuras do tempo na construção do parentesco e da socialidade entre quilombolas do Vale do Jequitinhonha- MG

“…De todo modo, ter olho é uma forma de engajamento com o outro que requer uma vontade de conhecer, ganhar sabedoria. Os homens aperfeiçoam a arte da caça assuntando os hábitos dos animais, treinando o olho para possíveis sinais do bicho.Semelhante às mulheres descritas porAyoub (2021), que se envolvem nas lutas por terras nos faxinais paranaenses para defender suas famílias de jagunços, ou as mulheres que matam jacarés para o circuito ritual dos Karo-Arara, descritas por Julia Otero (2019), o engajamento com a caça adjetiva D.Cássia como uma mulher braba, aquela que maneja uma arma, instrumento tipicamente classificado como do universo masculino. Contudo, ela tem olho para caça, mas não deixa de exercê-lo em outras situações, de outros modos.…”