O mexilhão Perna perna no Brasil: nativo ou exótico?

Abstract

A mitilicultura no Brasil se baseia no mexilhão Perna perna (Linnaeus, 1758), que é encontrado em todo o litoral brasileiro, sendo especialmente abundante do Espírito Santo a Santa Catarina. Nos últimos anos, foi lançada a hipótese de que P. perna seja uma espécie exótica no litoral brasileiro. A hipótese se baseia na análise da malacofauna presente em sítios arqueológicos. Todas as contestações levantadas não remetem à uma conclusão, pois precisam de estudos específicos, com metodologias claras, aliando arqueologia, ecologia e biologia molecular. O objetivo deste trabalho foi estudar a condição de nativo ou exótico do mexilhão Perna perna no Brasil, a partir de levantamento dos resultados em sítios arqueológicos, de técnicas moleculares e de datação de conchas com C14. A datação indicou que as amostras de Perna perna do sítio arqueológico Rio do Meio/Jurerê, Florianópolis/SC, têm idade de 720±30 e 780±30 anos. O cálculo do tempo de divergência indicou que a separação das populações brasileiras e africanas ocorreu por volta de 200 mil anos. Os resultados apontam a presença da espécie no território brasileiro muito antes do descobrimento do Brasil pelos portugueses no ano de 1500, indicando que P. perna é de fato uma espécie nativa.

Zooarchaeological evidence that the brown mussel (Perna perna) is a bioinvader of coastal Brazil

“…In a recent study, Pierri et al (2016) used molecular data and 14 C dating as evidence that the species was native to Brazil, but the results of that study cannot be considered conclusive. The molecular data were obtained by sequencing the mitochondrial DNA (cytochrome oxidase subunit I gene – COI) of 10 specimens of P. perna mussels obtained from an experimental farm located in the city of Florianópolis, Santa Catarina (SC), Brazil (Pierri et al, 2016). The sequences generated were analyzed together with sequences obtained from GenBank for other regions (Africa and Venezuela) where the species is distributed.…”

“…Since the studies of Souza et al (2003), the bioinvasion hypothesis of P. perna along the Brazilian coast has been explored by several studies (Fernandes et al, 2008; Oliveira et al, 2017; Rios, 2009; Silveira et al, 2006; Souza et al, 2004, 2010a, 2010b, 2012; Weber and Silva, 2008) and contested by one (Pierri et al, 2016). Perna is a relevant income source for Brazilian families, who both fish and farm it.…”

Da subsistência à extinção: a exploração da fauna do Holoceno tardio aos dias atuais na Baía Babitonga, SC – uma breve reflexão

“…Ao considerar o grande hiato temporal entre os povos pretéritos e a sociedade atual, solucionar e confirmar as premissas não são possíveis somente com pesquisas zooarqueológicas, é necessário uma busca interdisciplinar para sanar as questões que envolvam o paleoambiente e as relações ecológicas entre o homem e a fauna a fim de contribuir com resultados confiáveis sobre a variação da população de espécies ao longo do tempo (Pierri et al, 2016).…”

Avaliação De Alterações De Linha De Costa a Partir Da Ferramenta De Imagens Históricas Do Google Earth: O Caso Da Praia De Itacuruçá (Mangaratiba (Rj) – Brasil)

“…Esta espécie é responsável por 85,24% (21.027 toneladas) de moluscos produzidos em Santa Catarina, estado com maior produção brasileira (EPAGRI, 2016). Porém, discussão sobre seu Status de espécie nativa (PIERRI et al, 2016;CALAZANS et al, 2017) ou exótica na costa (OLIVEIRA et al, 2017), associado ao período colonial brasileiro (SOUZA et al, 2003;GERNET e BIRCKOLZ, 2011) foi responsável pela proibição do cultivo em alguns estados do país (IAP, 2015 Oceanografía: desvelando la belleza, los misterios y los desafíos del mar Los mejillones son organismos centinelas de la contaminación costera ya que bioconcentran y bioacumulan solutos del medio que los rodea (Verga, 2020). Estos bivalvos filtran el agua de su hábitat a través de los cilios ubicados en las branquias, localizadas sobre el epitelio del interior de las valvas.…”