A Sociologia Digital: um desafio para o século XXI

Abstract

As características da cultura e da sociedade se alteraram profundamente na medida em que novas formas de comunicação dependentes das tecnologias digitais adquiriram um uso generalizado, modificando o modo como buscamos e produzimos informação. Entretanto, as ciências sociais ainda analisam este fenômeno de maneira tímida, negligenciando os efeitos das tecnologias digitais nas sociedades e, sobretudo, no próprio ofício da sociologia. O presente artigo descreve o modo como as mudanças tecnológicas representam um dos grandes desafios para a sociologia do século XXI, argumentando que é necessário não apenas o aperfeiçoamento de aspectos tecnológicos da pesquisa - como, por exemplo, o domínio de softwares de análise qualitativa e quantitativa e de redes sociais digitais - mas, fundamentalmente, o avanço em termos do significado epistemológico destas tecnologias para a imaginação sociológica. Na primeira seção, é apresentada a proposta da sociologia digital. Em seguida, descreve-se o fenômeno da produção massiva de dados digitais e os desafios que tal contexto coloca para a sociologia. A terceira seção avalia as implicações para a sociologia do uso de softwares. A última seção defende a necessidade urgente de uma atualização teórico-metodológica da sociologia frente à produção massiva de dados digitais. Por fim, argumenta-se que a sobrevivência da sociologia dependerá da instrumentalização tecnológica aliada a uma reflexão diante de um novo horizonte de questões da era digital.

Sustainability and Digital as Challenges of Sociology

“…Digital technologies increasingly shape today's society and its cultures (Lupton, 2013(Lupton, , 2015Nascimento, 2016). According to Lupton (2013), "People across the globe have becoming linked together by digital media and networks in unprecedented ways, allowing for the fast and efficient flow of information across these networks" (p. 2).…”

“…Selwyn and Facer, 2014. The digital is not neutral (Suchacka & Horáková, 2019). It is yet another dimension to be considered in the processes of social inequalities (Nascimento, 2016), creating a new elite -Digital Suzerainswith the ability to control and produce in digital technologies (DeSousa, McConatha, & Lynch, 2011). Therefore, digital literacy -as a competence to mobilize both as a consumer and as a producer to enable good performance and functional participation in a digital context -is essential .…”

“…The term digital sociology first emerged in the English-speaking academic literature in 2009 and already has a relevant background (Cf. Marres, 2017;Nascimento, 2016). The growing immersion of the digital has deep implications in the way of doing Sociology, some of them not yet fully considered and taken on by sociologists themselves (Table 6).…”

Antagonismos discursivos nas hashtags #marqueteirosdojair e #bolsolão no Twitter nas eleições de 2018 no Brasil: contribuições da análise de redes sociais à sociologia digital

“…Na esteira dessa interação entre métodos e teorias, o horizonte da Sociologia Digital passa a envolver uma constante (re)leitura do fenômeno social, no que tange às interseções conceituais entre tecnologia, sociabilidade e conhecimento (MARRES, 2017). Conforme aponta Nascimento (2016), para lidar com este cenário, torna-se necessário um esforço reflexivo, no sentido de integrar os métodos de coleta e de organização de dados produzidos digitalmente ao aparato teórico e epistemológico da Sociologia. Diante dessa discussão, Marres e Gerlitz (2016) propõem a formulação do que chamam de métodos de interface.…”

Entre a Espetacularização Da Vida Cotidiana E O Pragmatismo Da Classe Trabalhadora

“…Esse novo fenômeno social demanda que os pesquisadores das humanidades articulem arcabouços teóricos e metodológicos inovadores para apreender novas realidades. O grande volume de dados gerados pelas interações online demanda a formulação e o domínio de técnicas computacionais que deem conta de coletar e organizar um grande volume de dados (NASCIMENTO, 2016). A proliferação massiva de fluxos informativos é, nesse contexto, um convite para que incorporemos técnicas computacionais como instrumentos de coleta de dados, sem que excluamos técnicas tradicionais como a manutenção do diário de campo ou a observação participante.…”