A perversão dos ideais no fundamentalismo religioso

Abstract

O objetivo do artigo é refletir, na perspectiva da metapsicologia freudiana, sobre alguns processos e componentes psíquicos de natureza perversa, que estão na base dos ideais dos fundamentalistas religiosos. Neste contexto, consideraremos o conceito de "narcisismo de morte" (ou "narcisismo negativo") e sua articulação com a pulsão de morte, como também a distinção entre Eu ideal e Ideal do Eu para melhor compreender o modelo das "idealizações", pelas quais os fundamentalistas religiosos sacrificam seu próprio Eu, em nome de um Eu ideal que não é senão a projeção de suas ambições narcísicas infantis.

Negacionismo científico, fundamentalismo religioso e pós-verdade: uma análise acerca dos processos de subjetivação e de sofrimento psíquico no contexto da necropolítica brasileira

“…Ainda que tenha origem no universo religioso, o fundamentalismo se estende aos âmbitos político, econômico e social da contemporaneidade. Diferentemente do panorama experimental, questionador e refutável característico do método científico moderno, o fundamentalismo é pautado em uma narrativa sagrada em que verdades são absolutas, afetivas e inquestionáveis (JAPIASSÚ, 1997;PANASIEWICZ, 2008;ROCHA, 2014). Nesse sentido, é em resposta a uma tentativa de diálogo entre as verdades religiosas e científicas, realizada por teólogos modernos protestantes, que nasce o fundamentalismo religioso com forte cunho dogmático, negacionista e antimodernista.…”

Desamparo Contemporâneo E Violência Fundamental:

“…Ambos podem ser condições para fenômenos de extrema violência. Se a ideia que foi alçada ao lugar de ideal for de perseguição a outros grupos, de caráter extremista ou totalitário, a cegueira do amor pode levar a catástrofes em âmbito social (Rocha, 2014).…”

Silenciadas E Desacreditadas: O Impacto Psíquico Nas Mulheres Que Revelam Violência Sexual Em Meios Religiosos

“…Ele exerce uma influência negativa na vida daqueles que vivenciam tais situações, portanto, merece atenção (Carunchio et al, 2018;Dalgalarrondo,2008). Rocha (2014), alerta para uma megalomania narcísica, que leva o fundamentalismo ao fanatismo e a intransigência, e em casos extremos, a, situações insanas como dar a própria vida, de bom grado pelo ideal que acreditam piamente.…”