Os sentidos do Acolhimento: um estudo sobre o acesso à atenção básica em saúde no Rio de Janeiro

Abstract

O Ministério da Saúde estabelece que a recepção na atenção básica ocorra pela modalidade de assistência nomeada Acolhimento com Classificação de Risco. Fruto da Política Nacional de Humanização, o Acolhimento preconiza novas sensibilidades, com ênfase em dimensões afetivas e relacionais. Contudo, a reorganização do acesso sustenta-se nas regras da Classificação de Risco, um dispositivo racionalizado, em prol da otimização dos serviços. Frente ao descompasso entre prescrições normativas e experiências singulares, realizou-se observação participante na porta de entrada de uma unidade básica da cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de apreender as estratégias mobilizadas pelos atores sociais envolvidos - usuários, profissionais de saúde e gestores. A análise do material de campo evidencia o Acolhimento como categoria polissêmica, que se constitui na tensão entre racionalidade e experiência, controle e cuidado.

Acolhimento como tecnologia em saúde: revisão sistemática

“…O acolhimento como operacional nos processos de trabalho em saúde requer prestar atendimento com resolutividade e responsabilização 3 , isto já vem sendo observado na prática quando identificada a resolutividade do acolhimento nas pesquisas [9][10][11][12]18,20,[25][26][27] . No entanto, segue a dificuldade com as redes de encaminhamento 16,19,[24][25][26][27][28][29] e parcerias com outros serviços de saúde, para a continuação da assistência, estabelecendo articulações como é previsto nos documentos da Política Nacional de Humanização 3 .…”

“…A satisfação está também relacionada com o desejo do usuário de se sentir acolhido com respeito, tendo atendidas suas necessidades, e as frustrações relacionadas com situações de exclusão e negação do direito à saúde 17 . Os usuários, em geral, demonstraram satisfação com o acolhimento, principalmente com a resolutividade, acesso e reorganização do processo de trabalho 18 .…”

Manchester Triage System in Primary Health Care: Ambiguities and Challenges Related to Access

“…Risk classification as a new service logic in the PHC allows for the practice of equity, producing access to the system and guaranteeing assistance. 25 In addition, the MTS consists of a dynamic process that aims to identify users and their health needs according to the potential of risk, in order to offer immediate care through fast and effective care.…”

“…Thus, the use of MTS in the PHC can reveal a bureaucratic rationality that puts the subject's autonomy at stake in its health/disease/care process. 25 When used as a single source of response to user needs, MTS becomes insufficient because it does not encompass subjective, affective, social, or cultural aspects.…”

Quality of Primary Health Care in Brazil: patients'view

“…The health systems oriented by Primary Health Care (PHC) result in better care quality and more efficiency in therapeutic care projects at lower costs. In addition, such systems produce more opportunities for the population to have access to appropriate care and greater satisfaction with the care received (1)(2)(3)(4)(5) . There was also reduction in the potential years of life lost and better health results to the poorest populations, resulted from the early management of health problems and the qualification of referrals to secondary health care or other levels of care (2,5) .…”