Prevalência e fatores associados a sintomas ansiosos e depressivos em mulheres privadas de liberdade em Juiz de Fora-MG, Brasil

Abstract

Resumo Sofrimento psíquico e desenvolvimento de transtornos mentais nas prisões são questões de saúde pública reconhecidas mundialmente. Objetivou-se identificar a prevalência destes sintomas e os fatores associados em 99 mulheres com mais de 18 anos de idade, nos regimes provisório, fechado e semiaberto de Juiz de Fora-MG. Trata-se de um estudo transversal, do tipo censo, com dados coletados face a face através de questionário semiestruturado e multidimensional. Os desfechos foram avaliados pelo Patient Health Questionannaire-4 (PHQ-4). Para a análise de associação foi construído um modelo teórico de determinação com três blocos hierarquizados. Foram estimadas razões de prevalência brutas por meio do teste Qui-quadrado e ajustadas entre si dentro de cada bloco (p≤0,20). Para o modelo final de regressão de Poisson com variância robusta foi adotado p≤0,05. A prevalência de sintomas ansiosos e depressivos foi, respectivamente, de 75,8% (IC95% 66,1%-83,8%) e 65,7% (IC95% 55,4%-74,9%). No modelo final, sintomas ansiosos associaram-se à presença de sintomas depressivos. Já sintomas depressivos associaram-se à faixa etária de 20 a 29 anos e à presença de sintomas ansiosos. Verificou-se prevalência dos desfechos em mais da metade das participantes, com destaque para interassociação entre eles.

Saúde Mental Das Mulheres Em Situação De Privação De Liberdade: Uma Revisão Integrativa

“…Fatores de risco, como as condições sociais, culturais e econômicas, potencializam posteriores problemas de transtornos mentais, com destaque para a ocorrência de frequentes sintomas de ansiedade e depressão (Laurindo;Leite;Cruz, 2022). Ao realizar uma análise entre os sexos feminino e masculino com depressão, as mulheres possuem mais alterações psicológicas, as quais ficam relembrando as dificuldades, os problemas e exacerbando a negatividade (Santos; Barros; Andreoli, 2019).…”

“…É notório que ocorre uma violação dos direitos humanos no ambiente carcerário, já que existe uma deficiência de recursos, superlotação, condições inviáveis de habitação e que quase não acontecem ações voltadas para a saúde (Laurindo;Leite;Cruz, 2022). Com isso, sugere-se, então, a relevância de uma projeção adequada para cada sexo, em todas as fases do planejamento, e adequação das carências particulares da população em questão (Antonetti et al, 2018).…”

“…Os indicadores de saúde apontam que o acesso à Rede de Atenção à Saúde (RAS) é ineficaz (Laurindo;Leite;Cruz, 2022), por essa razão, se opõe ao que diz a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que consiste em certificar toda unidade básica prisional como espaços que oferecem serviços de atenção da Rede do SUS (BRASIL, 2014). Contudo, a escassez no tratamento de pessoas que principiam ou já enfrentam debilidades mentais aponta para a desconexão entre os sistemas prisionais e os serviços de cuidados à saúde física e psíquica (Lambdin et al, 2018).…”