Causada pelo vírus SARS-CoV-2, a pandemia de COVID-19 fez suas primeiras vítimas no Brasil ainda em fevereiro de 2020. Em pouco tempo, o país se tornou um dos mais afetados pela doença, e já vinha enfrentando dificuldades no controle de outras endemias, dentre elas a dengue. As medidas de isolamento social adotadas para reduzir o contágio pelo SARS-CoV-2 no país afetaram diversos setores de assistência, dentre eles o da saúde. O objetivo deste estudo foi analisar o potencial impacto da pandemia de COVID-19 sobre as ações de controle da dengue e consequente redução em notificações no Brasil. Trata-se de um estudo descritivo, documental, em que foram analisados boletins epidemiológicos divulgados pelo Ministério da Saúde do Brasil e outros dados disponíveis nos sites da Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde e do Conselho Nacional das Secretarias de Saúde, referentes ao período de 2015 a 2020 nos meses de janeiro a agosto de cada ano, bem como, documentos oficiais como a nota informativa n° 8/2020. Os resultados obtidos mostraram uma mudança no comportamento da dengue em 2020 quando comparado aos anos anteriores, revelando uma diminuição no número de casos notificados da doença a partir do período em que se iniciou as ações contra a COVID-19. Concluiu-se que em 2020, provavelmente, não tenha havido um decréscimo na incidência de dengue no Brasil, mas sim, subnotificação de casos, influenciado pelas alterações no programa de controle da dengue e inacessibilidade a serviços de assistência.