Redes Sociais e Governança em Saúde

Abstract

Resumo Este artigo trata dos desafios em saúde enfrentados pelas sociedades contemporâneas, na qual atores com interesses diversos e às vezes antagônicos se enfrentam para a constituição de uma agenda pública de cuidados da população. Neste campo, o moderno Estado de Bem-estar social joga um papel importante, não somente enquanto executor da agenda pública, mas igualmente garantidor na provisão de serviços. Neste ensaio trabalharemos com o conceito de governança, que busca refletir sobre as novas práticas de governo na modernidade tardia, incorporando a complexa relação entre atores, em um arranjo onde ingredientes como participação popular e controle social dos negócios públicos são colocados em destaque. A temática redes é introduzida enquanto instrumento para a compreensão do fenômeno da governança. o conceito de governança em saúde é construído para dar conta de fenômenos recentes dos arranjos organizacionais da gestão pública, principalmente do fato de que entram em cena novos atores. Não é mais possível ter um retrato próximo da realidade se utilizarmos os modelos de análise organizacional tradicionais. Temos que incorporar outros instrumentos teórico-metodológicos, e cremos que a análise de redes sociais é um importante aliado para a compreensão desta complexa realidade.

O uso das redes sociais pelos órgãos gestores do Sistema Único de Saúde

“…33 Uma hipótese que pode ser atribuída a isso é o fato de que as culturas organizacionais não dão abertura ao modelo de gestão participativa, demonstrando forte hierarquização, distanciamento da população e falta de transparência por parte dos órgãos gestores. 25 Bennett e Segerberg 38 refletem sobre movimentos e organizações políticas associados à gestão e comunicação nas redes sociais. Os autores identificaram que as redes sociais podem ser utilizadas como "ação coletiva" em que as postagens e os conteúdos compartilhados são partes integrantes da organização.…”

“…Entende-se nesse cenário que, pela estrutura das postagens, há uma lacuna entre a informação prestada e o contexto cultural direcionado, o que pode gerar falta de identificação do usuário com o conteúdo apresentado. Além disso, de acordo com Fontes, 25 independentemente se trata de interações presenciais ou mediadas pela internet para lidar com as práticas de gestão participativa e mobilização do cuidado, o fenômeno apresenta configurações estruturais semelhantes. Dessa forma, os órgãos gestores podem se utilizar desse recurso para divulgar suas informações, se aproximar da população e, dentro dos parâmetros legais, proporcionar uma publicidade eficiente e de qualidade, mantendo as pessoas do ambiente cibernético atualizadas.…”

“…22 Esse novo contexto traz implicações significativas nos arranjos organizacionais dos órgãos gestores, cuja participação popular nos processos decisórios e controle das ações públicas também estão imbricados nas redes sociais. 25 Nesse sentido, apesar da articulação advinda da dinâmica tecnológica, permanece-se um desafio na integração entre as demandas do povo e as práticas institucionais, tendo em vista a força dominante do Estado nos processos decisórios. 26 Sendo assim, as redes sociais têm potencial para evidenciar as estruturas e fluxos organizacionais nos sistemas de saúde e demonstram ser um campo potencial de investigação na saúde coletiva.…”

“…Desse modo, constata-se que é difícil ter um retrato da realidade se utilizando apenas dos modelos de análise organizacional tradicionais, necessitando-se da incorporação de outros instrumentos teórico-metodológicos que avaliem também as redes sociais. 25 Frente à percepção da necessidade de aprimoramento do SUS, cada vez mais se faz necessário utilizar as redes sociais como ferramentas de promoção, prevenção e gestão de saúde. Ainda, diante de tal contexto teórico, a revisão de literatura apontou uma lacuna nos estudos que investigam as redes sociais dos órgãos gestores da saúde e sua relação com os usuários.…”

Networks, sociabilities and health: the role of mental health support in Brazil

“…This approach to health research, emphasizing social networks, allows better comprehension of the complex practices of care and healing, which can only be understood by studying the interconnections between the social networks of those afflicted by psychic suffering and the institutions of the health field (Fontes, 2018). This research -privileging processes and spaces of sociability underlying healing practices -allows identification of the principal obstacles to achieving the mental health care objectives of the Brazilian psychiatric reform, which was a great conquest for public health.…”