A experiência do aborto na rede: análise de itinerários abortivos compartilhados em uma comunidade online

Abstract

Resumo O objetivo deste artigo é analisar narrativas sobre as experiências de abortar disponíveis em uma comunidade online, buscando discutir os métodos e estratégias aos quais as mulheres recorrem frente à impossibilidade legal de interrupção voluntária de gravidez e os efeitos da criminalização do aborto induzido. Como método, utilizou-se a etnografia virtual, com observação da plataforma Women on Web, coleta e análise de 18 narrativas, disponíveis publicamente e sem restrições, selecionadas entre novembro de 2016 e janeiro de 2017. As narrativas informam métodos mesclados para a realização de aborto, com prevalência de utilização do medicamento Cytotec. Em alguns casos, hospitais e consultórios médicos são incluídos nos itinerários, seja para realização de exames ou para atendimento de intercorrências. A internet se revela uma ferramenta de informação, negociação e mesmo aquisição de medicamento abortivo bastante comum, além de uma plataforma de troca de experiências. Conclui-se que as narrativas sinalizam as inseguranças, riscos e violências às quais estão submetidas as mulheres no contexto da clandestinidade, indicam a importância do debate sobre a descriminalização do aborto no Brasil, e também reforçam a existência de uma cultura compartilhada do aborto, já apontada em estudos anteriores.

Promoção da saúde no contexto da tecnossocialidade: revisão integrativa da literatura

“…Os estudos de Duarte et al (2018) (14) e Oliveira et al (2018) (15) , destacam que os Blogs representam uma reconfiguração da mídia tradicional ao criar novas oportunidades de interação social e atuam como novo ator político nas relações sociais, demonstrando suas potencialida-Tal processo leva à formação de um novo paradigma a função do profissional de saúde, de atuar frequentemente buscando a qualidade do cuidado através da dinamicidade do mesmo, sem depreciar a rotina das pessoas, e principalmente das famílias Alves, T.F. ; Ferreira, J.M.…”

“…Em seu estudo: "A experiência do aborto na rede: análise de itinerários abortivos compartilhados em uma comunidade online", Duarte et al (2018) (15) , evidencia que pesquisas que lidam com temas atravessados por estigmas, como as pessoas vivendo com HIV/Aids e sexualidades consideradas desviantes, por exemplo, têm considerado a internet como um campo que possibilita o encontro de narrativas e interações que dificilmente seriam possíveis de observar em um ambiente off-line.…”

Narrativas das mulheres submetidas ao abortamento clandestino: uma revisão integrativa / Narratives of women undergoing clandestine abortion: an integrative review

“…No que diz respeito à idade, alguns estudos apontaram uma elevada prevalência de abortos clandestinos entre adolescentes 5,6 . Uma análise qualitativa realizada em uma favela da Zona Sul do Rio de Janeiro com dez jovens com idade entre 15 e 17 anos evidenciou que todas elas haviam realizado um aborto ilegal entre 12 e 17 anos, enquanto a idade dos parceiros variou entre 17 e 42 anos 5 .…”

Sentimentos De Mulheres Advindos Da Experiência Em Um Processo De Abortamento

“…Após vivenciarem o abortamento, as mulheres podem sofrer complicações como hemorragia, sentimentos negativos e incerteza da concretização do abortamento, colocando-as em grande nível de tensão emocional. O estigma e o medo de desrespeito e descuidados pelos próprios profissionais aumentam o risco de morte nessas mulheres, por retardar a procura aos serviços de saúde (9) . Torna-se evidente que, sendo um processo amplo e complexo, o abortamento é um evento singular e permeado de sentimentos pela mulher.…”

“…Ressalta-se que a não classificação por tipo de abortamento espontâneo ou provocado possa trazer implicações importantes às conclusões levantadas nessa pesquisa, tendo em vista ser um processo permeado por carga sociocultural. No entanto, vale ressaltar que dados demonstram que a maior parte das internações por abortamento são do tipo inseguro (1,4,9) -provocados ou não -que possam ter refletido nos achados e interpretações destes estudo.…”