Medicina sob as lentes da História: reflexões teórico-metodológicas

Abstract

A necessidade de se pautarem estudos do campo da saúde numa perspectiva histórica originou novos horizontes analíticos para as condições de emergência de saberes voltados à explicação do social na determinação de processos patológicos e das práticas de saúde. O propósito deste texto é considerar como a ciência histórica, em seus aspectos metodológicos de análise, tem concorrido para a prática do médico, levantando particularmente aspectos críticos mais amplos das questões atinentes ao campo do Cuidado em Saúde, a partir de diálogos entre cultura e a sociedade, plasmados por uma ordem discursiva em ato, não apenas no fazer-se enquanto linguagem, mas na sua efetivação prática dentro de uma racionalidade médica, com a atenção às rupturas e permanências de um discurso científico.

Absorção e metabolização dos hormônios sexuais e sua transformação em tecnologias contraceptivas: percursos do pensamento médico no Brasil

“…By grounding the study in a historical perspective, 14 the aim was to open new analytic horizons concerning the modes of assimilating contraceptive technologies, identifying ruptures and continuities that can help us comprehend contemporary processes of introducing and circulating sexual and reproductive health technologies, a theme that has proved controversial.…”

Autonomia para quem? O discurso médico hegemônico sobre a violencia obstétrica no Brasil

“…Como afirmam os autores, é como se uma espécie de "a-historicidade" dos fins da Medicina justificasse suas práticas, "postulando-as como neutras quanto aos valores que regem suas ações" (Mota;Schraiber, 2014Schraiber, :1089 Autonomia para quem? O discurso médico hegemônico sobre a violência obstétrica no Brasil por meio da noção de que é praticamente inconcebível que um ato médico, proveniente de uma formação médica, possa ser caracterizado como uma violência.…”

Formation of Psychoterapy Service of FMUSP Psychiatry Institute: a brief historiographical approach

“…Similarly, it is necessary that we realize the complex nature of the attempt to organize a Psychotherapy Service within a psychiatric hospital in the era of ubiquitous psychotropic medications. History shows us that when we approach the field of psychotherapies we need to keep in mind the divergent and sometimes contradictory nature between practices and theories that might have the same name but are not thought nor even practiced similarly (2) The testimony of Jorge Wohwey Ferreira Amaro (3) , the main agent involved in the formation of the Psychotherapy Service is a striking example of this situation when he said that one of his greatest motivations for creating the Service was the fact that virtually all the psychiatrists in the hospital did what he called "guesstherapy", that is, psychotherapies without theoretical or methodological references, based on the personal beliefs of each doctor, whose criteria were not based on solid knowledge, which already existed at that time. They viewed pshychotherapy as a "persuasive process" in which the professionals, through the personal relationship and the influence they can exercise, aimed to direct the decisions and actions of patients according to their own values and life principles.…”