C erta vez, num evento científico, tendo chamado a atenção dos presentes para a natureza comumente opressiva de nossas relações adultas frente às crianças e às infâncias, dando para isso vários argumentos, alguns dos quais serão retomados abaixo, um dos participantes, homem, adulto, recém chegado à paternidade, levantou-se, muito polidamente, e disse-nos que tínhamos razão, mas completou, numa crítica bastante contundente, que não estávamos vendo o fato de que os adultos têm mudado toda a sua agenda em função desses seres pequeninos ultimamente, o que não teria acontecido na infância dele nem na nossa, por exemplo.
Resumo: o objetivo deste artigo é discutir o adultocentrismo presente em nossas relações cotidianas junto às crianças. Nele mostraremos que nosso entendimento acerca das crianças e das infâncias construiu-se com base numa concepção adulta idealizada, fortalecida ao longo da