O ensino de português como segunda língua para surdos: princípios teóricos e metodológicos

Abstract

Este trabalho discute o ensino da língua portuguesa que tem sido ministrado para alunos surdos, que proíbe o uso da língua de sinais e que se fundamenta na concepção de língua como código; a metodologia de ensino adotada e os seus efeitos na leitura e na escrita de surdos. Apresenta uma proposta que privilegia a concepção discursivo-interacionista de língua e na qual a Língua Brasileira de Sinais é considerada primeira língua dos alunos surdos. Como primeira língua, ela fornece o arcabouço para a constituição do conhecimento da Língua Portuguesa. Em outras palavras, o conhecimento de mundo e de língua constituído na língua de sinais dá a base para o aprendizado da Língua Portuguesa pelos alunos surdos. O efeito da aplicação desta proposta é analisado nas produções escritas de dois alunos surdos, do ensino fundamental, de escola bilíngue, que tem a Língua Brasileira de Sinais como primeira língua e a Língua Portuguesa, como segunda. Nas produções observa-se que os alunos apresentam vários indícios de que estão aprendendo a produzir textos em Língua Portuguesa, ainda que evidenciem muitas dificuldades, decorrentes, principalmente, do pouco conhecimento que têm da língua. Considerando que, devido à perda auditiva, é pela visão que os surdos têm acesso ao mundo, a autora sugere que os alunos surdos leiam muito, já que é desta forma que serão inseridos no funcionamento linguístico-discursivo da Língua Portuguesa.

O processo de produção textual em língua portuguesa de estudantes surdos de uma escola pública: desafios e possibilidades

“…A educação bilíngue, com intérpretes ou instrutores bem preparados, e o aprendizado eficaz das regras da língua de sinais (como primeira língua) e da língua portuguesa (como segunda língua), favorecem ao estudante surdo a apreensão dos conceitos (ALMEIDA et al, 2010). Logo, considera-se que a língua de sinais é o principal canal, mas não o único que pode ser construído com maior significado e afetividade, o que contribui sobremaneira para sua inserção no mundo da escrita, segundo a teoria sócio-antropológica (SKLIAR, 2006;PEREIRA, 2014 Destaca-se na análise do texto de P6 a ausência de conectivos e de artigos indefinidos. Há inversão de "primeira vez" para "vez primeira".…”

Letramento e Educação de Surdos

“…Although subsequent studies reaffirmed many of the points made in these initial publications from the early 2000s (LODI et al, 2014;LACERDA;PEREIRA, 2014;LODI et al, 2012;FERNANDES, 2006; to mention some), culturally and linguistically sensitive bilingual pedagogies have not been implemented in regular schools that admit deaf students. Although Sign language has entered the classroom, definitions of language and monolingual ideologies continue to promote monolingual pedagogies that legitimize "monolingual practices, the idealized native speaker, and the compartmentalization of languages" (IBRAHIM, 2017, p. 219), which did not facilitate the education of deaf students.…”

Teaching of Portuguese to the deaf: an integrative literature review

“…The teaching of Portuguese as a second language for the deaf: theoretical and methodological principles. 27 Pereira MCC.…”

“…The second axis consists of two works 7,27 that investigate the written productions of deaf students. These studies analyzed texts/productions from images.…”

“…There were also divergences regarding the role of the school in the construction of the linguistic identity of these students, since there are researchers 27 who argue that the school should enable, especially in the case of children of hearing parents, the acquisition of the Brazilian Sign Language, which will occur in the interaction with fluent users of that language, preferably deaf, who, in using and interpreting the movements and statements of deaf children in sign language, insert them into the linguistic-discursive functioning of that language. And, in the face of this highly pervasive perspective among deaf education researchers, one researcher says that lately the school has assumed responsibilities that go beyond working with the knowledge associated with a written production of a learned character.…”