Seguindo estratégias internacionais desenhadas desde o início do século XX, há no Brasil uma política de Educação Escolar Indígena, fundamentada na interculturalidade, com foco na alfabetização bilíngue. Porém, considerando a diversidade sociolinguística do país, a histórica política de integração e, mais recentemente, o reconhecimento aos processos próprios de aprendizagem, os programas de alfabetização bilíngue requerem iniciativas locais, articuladas com a formação de professores que resulta em produção de recursos pedagógicos diferenciados. Neste texto, apresentamos um histórico da política de alfabetização bilíngue discutindo documentos e encaminhamentos que culminaram na criação da ação Saberes Indígenas na Escola, inaugurando uma produção didática elaborada pelos professores. Os resultados mostram que a produção de materiais nas próprias comunidades, além de considerar as variações dialetais, oportuniza a criação de fecundos espaços de diálogos e pesquisas dos professores indígenas entre si, com sábios mais velhos, envolvendo jovens e crianças sobre questões culturais e ensejando, ainda, diálogos sobre ensino e aprendizagem escolar na comunidade.