Conhecer a experiência de brincar e as brincadeiras das crianças, assim como as redes de sociabilidade que (re)produzem as relações de gênero, são relevantes para estudos sobre infância e gênero. Diante disso, objetivou-se analisar os estereótipos e as relações de gênero, através de momentos lúdicos com crianças na pré-escola. Trata-se de uma pesquisa-ação de abordagem qualitativa desenvolvida por meio de oficinas lúdicas com 20 crianças entre 5 e 6 anos em comunidade periférica da cidade de maceió. Foi utilizada a análise de conteúdo dos dados advindos dos diários de campo e das produções infantis. Foram criadas quatro categorias temáticas: “bela, recatada e do lar?”; “o direito da expressão da agressividade é somente dos meninos?”; “contradições às imposições de gênero”; e “a dimensão social do brinquedo”. Conclui-se que o ato de brincar, reproduz papéis esteriotipados de gênero, os quais são estruturados, por meio de significados culturais compartilhados entre os grupos em que as crianças pertencem e perpassam por um repertório daquilo que lhes é ofertado como possibilidade de brinquedos. Porém, apesar da pré-existência de significados impostos nas relações de gênero, o processo criativo da brincadeira tem a potencialidade de superação dessas desigualdades cristalizadas.