O campo da democracia digital brasileira: uma análise cientométrica de artigos publicados entre 1999 e 2020

Abstract

Resumo: Este artigo investiga a produção acadêmica em periódicos sobre a democracia digital no Brasil. Foi realizada uma busca automatizada no Google Scholar e DOAJ por palavras-chave e, após a filtragem manual, o corpus empírico resultou em 502 artigos. Estes artigos foram avaliados com base em análise de conteúdo, buscando identificar as principais características dos autores, assim como as abordagens teóricas e empíricas. Depois, as referências foram avaliadas através da análise de redes. Os resultados evidenciam a hegemonia dos campos da comunicação e da ciência política, um predomínio de análises sobre a esfera civil não organizada e o uso dos conceitos de participação e deliberação. A maioria dos artigos é empírica, faz uso da técnica de análise de conteúdo e privilegia a avaliação de websites e mídias sociais. Concluímos argumentando pela existência de um campo da democracia digital.

Mapeamento E Diagnóstico Da Pesquisa Empírica Em Democracia Digital No Brasil

“…Nesse sentido, a DD realiza-se especialmente na articulação entre ferramentas, dis- Em relação ao primeiro aspecto, enfatiza-se o design técnico das ferramentas digitais levando em conta suas diferentes estruturas, seu modo de funcionamento, seus mecanismos internos e como a ambiência digital influencia as relações entre usuários(as). Usabilidade, funcionalidade, facilidade de uso, arquitetura da informação são abordagens centrais para a análise e a avaliação dos dispositivos (ALMADA; AMORIM; PINHO; SAMPAIO, 2022).…”

“…Um sinal importante de evolução desse campo é o surgimento, principalmente a partir de 2015, de estudos bibliométricos que buscam caracterizar a produção científica sobre DD no Brasil (CURTINOVI; PARMEGGIANI, 2015;PRZEYBILOVICZ;CUNHA;COELHO, 2015;NICOLÁS, 2016;SANTOS;ALDÉ;SCHWAMBACH, 2016;VIANNA JUNIOR;ABREU;BATISTA, 2018;WINKLER;MORAIS, 2019;SILVA, 2021aSILVA, , 2021bSAMPAIO et al, 2022). São estudos que, em sua maioria, tratam de pesquisa tanto teórica quanto empírica -com exceção dos artigos de Curtinovi e Parmeggiani (2015) e Silva (2021a) (b) cinco universidades aparecem com frequência dentre aquelas com maior número de autores(as) vinculados 3 ; (c) há uma predominância de análise de conteúdo e pouco uso de ferramentas metodológicas como entrevistas em profundidade, surveys ou instrumentos automatizados de coleta (como softwares ou algoritmos); e (d) participação política online tem se despontado como um dos temas mais frequentes.…”

“…Tais aspectos foram examinados por meio da leitura orientada de cada artigo. Embora a lista de publicações analisadas tenha partido da unificação de planilhas que serviram como base para duas pesquisas anteriores (SILVA, 2021a;SAMPAIO et al, 2022) Quanto à autoria dos trabalhos, cerca de 73% dos artigos são produções que envolvem dois(duas) ou mais autores(as), e os artigos restantes são assinados individualmente.…”

“…No Gráfico 2 é possível visualizar a trajetória sob a linha do tempo das seis áreas mais recorrentes: Direito praticamente inexistia ou aparecia com percentual ainda menor em estudos anteriores (CURTINOVI; PARMEGGIANI, 2015; SAMPAIO; BRAGATTO; NICOLÁS, 2016). Isso pode ser um indicativo de que esta área está ganhando espaço nesse campo de estudo(SAMPAIO et al, 2022).…”