Artigo - Um Estudo Sobre a Natureza Dos Erros (Orto)gráficos Produzidos Por Crianças Dos Anos Iniciais

Abstract

<jats:p>RESUMO: Neste artigo, considerando-se as duas principais fontes disponíveis para a produção da escrita alfabética inicial, a saber, o conhecimento fonológico e o conhecimento advindo de práticas de leitura e escrita, os erros (orto)gráficos produzidos pelas crianças dos primeiros anos do Ensino Fundamental são analisados com base em três categorias principais: fonológica, ortográfica e fonográfica. A amostra estudada é composta por erros extraídos de 2024 textos espontâneos produzidos por alunos de duas escolas, uma pública e outra particular. Os resultados evidenciam que: i) erros fonológicos predominam em todas as séries e referem-se a complexidades segmentais e prosódicas; ii) erros motivados por aspectos ortográficos envolvem principalmente a grafia do /s/; iii) erros fonográficos apresentam baixa incidência, mas são encontrados nas quatro séries estudadas. De modo geral, há diminuição do número de erros com o avanço dos anos escolares e há diferença na quantidade, mas não na qualidade dos erros, quando comparadas as duas escolas.</jats:p>

As linguística da alfabetização para muito além do saber ler e escrever

“…Em segundo lugar, outro aspecto que poderia ser considerado na atividade proposta à turma de Lucca, este mais focado em ortografia, poderia estar relacionado à natureza do erro ortográfico realizado pelas crianças na notação escrita. Miranda (2020), considerando o conhecimento fonológico e o proveniente da leitura e da escrita, analisa os erros (orto)gráficos produzidos pelas crianças com base em três categorias, quais sejam: fonológica, ortográfica e fonográfica. Não analisaremos, neste breve texto, toda a grafia de Lucca na atividade de ditado, posto termos tomado por base desta discussão apenas "aquizsila".…”

Distribuição das transposições ortográficas na escrita de crianças brasileiras

“…Estudos que observaram a influência do acento na ortografia infantil (Coelho, 2016;Pezarini, 2017;Amarante et al, 2020;Vaz, 2020) reforçam que, de um ponto de vista fonético, as sílabas não acentuadas apresentam maior desfavorecimento da percepção, devido a sua menor duração, diminuição de energia e baixa intensidade. Como as crianças em início de alfabetização tendem a se apoiar mais em características fonéticas que detectam nos enunciados falados, do que em características reguladas pelas convenções ortográficas, posições mais fracas da sílaba "[...] deixam o sistema fonológico infantil suscetível à não-especificação completa de segmentos [...] sugerindo [...] que a aquisição da escrita alfabética atua no sentido de alterar as representações infantis tornando-as similares àquelas dos adultos" (Miranda, 2020).…”

Omissões ortográficas na escrita infantil: relação entre posição silábica e escolaridade (Orthographic omissions in children’s writing: relationship between syllabic position and schooling )

“…Embora se detectem relações entre esses dois aspectos nas omissões ortográficas, como mostraram nossos resultados, não se trata de relações de espelhamento (no sentido de que a ortografia infantil refletiria diretamente a fonologia da língua) nem de causalidade (no sentido de que a ortografia infantil se ancoraria diretamente em características da fala). Como observa Miranda (2020), fala e escrita apresentam correspondências, já que ambas são formas de atualização da língua, relacionadas entre si; mas não sob a forma de correspondências diretas -fato já observado em outros aspectos da ortografia infantil, como as substituições ortográficas (VAZ, 2019), as transposições ortográficas (AMARANTE et al, 2020) e, mesmo, nas relações entre a fala e a ortografia de crianças como transtornos fonológicos na fala (GUILHERME, 2020).…”