Este artigo analisa o tratamento das “construções relativas” em livros didáticos do ensino médio. Fundamentado no referencial teórico da sociolinguística variacionista e nos estudos empíricos sobre o fenômeno, nosso objetivo é investigar em que medida a realidade heterogênea e variável do português brasileiro é considerada no ensino de sintaxe. Para tanto, são observados os três volumes da coleção Português: contexto, interlocução e sentido (Maria Luiza Abaurre, Maria Bernadete Abaurre e Marcela Pontara). Neste estudo, assumimos que a compreensão da diversidade linguística é basilar no ensino de português, uma vez que fornece subsídios para uma aprendizagem mais coerente e contextualizada. Parte-se do pressuposto de que os livros didáticos, no tratamento da variação, centralizam-se nos conceitos e descrições de usos variáveis do nível lexical. Dessa forma, negligenciam as contribuições da variação para o ensino de sintaxe. Em linhas gerais, a análise da coleção de livros didáticos revelou o comprometimento das autoras em apresentar e discutir a variação linguística de modo direto e indireto. No entanto, os estudos da sintaxe partem de uma abordagem notadamente prescritivista e usos variáveis são tratados de modo superficial e como curiosidades acessórias.