Considerações bioéticas sobre os modelos de assistência no fim da vida

Abstract

Este artigo discute os três campos assistenciais institucionalizados nas sociedades contemporâneas para cuidados no fim da vida e seus respectivos modelos de morte: a eutanásia/suicídio assistido; a futilidade médica; e a kalotanásia, fundamento do moderno movimento hospice. Analisa, também, de que modo estes modelos impactam a vida dos pacientes, bem como a fragilidade conceitual de algumas das bandeiras tradicionalmente utilizadas, como a da dignidade humana. São feitas, também, considerações à ortotanásia, conceito muito utilizado na literatura bioética nacional, bem como ao suicídio racional nos idosos. Além disso, propõem-se questões para o debate bioético acerca da necessidade de serem repensados, em nosso meio, alguns postulados, especialmente aqueles referentes à eutanásia. Por último, apresenta e analisa a fundamentação ética e filosófica da kalotanásia e suas implicações para a organização de boas práticas de cuidados no fim da vida.

Vivências de familiares diante da finitude da criança no processo de adoção de cuidados paliativos

“…Na facticidade existencial onde o sofrimento impera de forma implacável no viver do ser-aí-criança-com-doença-crônica, pais e equipe de saúde podem passar a compartilhar da adoção intersubjetiva da modalidade de cuidados paliativos, cujo objetivo reside em focar na qualidade de vida dos dias restantes, sem abreviá-los ou tampouco prolongá-los (6)(7)(8) . Desvela-se assim o caráter da transcendência do cuidado solícito, ou seja, "ser-com-os-outros no cotidiano mantém-se entre os dois extremos de solicitude -aquele que salta sobre o outro e o domina, e aquele que salta diante do outro e o liberta [...] a 'solicitude' é orientada pela consideração e paciência" (15) .…”

“…A proposta de Cuidados Paliativos emerge como fonte de atenção à qualidade de vida da criança e da família diante da impossibilidade de cura efundamenta-se em princípios que priorizam o alívio da dor e das repercussões negativas da doença, atenção multidisciplinar e holística imbuída de compaixão e empatia ao ser doente e família, focando as intervenções na pessoa e não na doença, promovendo uma vida o mais ativa possível enquanto dura, aceitando a morte como componente natural da existência (6)(7)(8) . No entanto, pode haver entraves para que a adoção de Cuidados Paliativos seja compreendida pela família como benefício e não como abandono, e gerar, ao invés de conforto, incertezas e sofrimento (9) .…”

The experience of families in face of the finiteness of their children in the process of adopting palliative care

“…In the existential facticity where suffering has an implacable predominance in the life of the being-there-child-withchronic-disease, parents and health team can start to share the intersubjective adoption of the modality of palliative care, whose goal is to focus on the quality of life of the days left, without abbreviating them or prolonging them (6)(7)(8) . Thus, the transcendental care of attentive care is unveiled, that is, the "being-with-the-others in daily life stays within the two extremes of attentiveness -the one that jumps on the other to dominate them, and the one who jumps in front of the other and frees them [...] 'attentiveness' is guided by consideration and patience" (15) .…”

“…Palliative Care is a source of attention targeted at the quality of life of the child and family when it is impossible to achieve a cure. Its principles prioritize relieving the pain and the negative repercussions of the disease, providing multidisciplinary and holistic care, imbued with compassion and empathy towards the diseased being and their family, focusing on interventions in the person and not in the disease, promoting a life as active as possible during the time it lasts, while accepting death as a natural component of existence (6)(7)(8) . Still, it may be difficult for the family to understand that using Palliative Care is not abandoning the child, but benefits them, generating for the family, instead of comfort, uncertainty and suffering (9) .…”

Quais são os modelos adequados de assistência no fim da vida?

“…No entanto, importa observar: qual é o limite do sofrimento humano? 1 O ensaio aborda questões e situações complexas, que precisam ser deliberadas em instâncias também jurídicas, apesar de em âmbito nacional já contarmos com amplo corolário de leis.…”