A erradicação da poliomielite em quatro tempos

Abstract

O objetivo deste artigo é rever o “estado da arte” dos avanços, obstáculos e estratégias para atingir a erradicação global da pólio. As ações de controle da poliomielite iniciaram na década de 1960 com o advento das duas vacinas antipoliomielíticas, a vacina oral da pólio (VOP) e a vacina inativada da pólio (VIP). No período de 1985 a 2020, são implementadas estratégias para atingir a meta de erradicação do poliovírus selvagem (WPV). Após o sucesso da interrupção da transmissão autóctone do WPV na região da Américas, foi lançada a meta da erradicação global. Descrevemos o processo de erradicação em quatro tempos: (1) O advento das vacinas VIP e VOP iniciou a era do controle da poliomielite; (2) A utilização massiva e simultânea da VOP teve impacto significativo sobre a transmissão do poliovírus selvagem no final da década de 1970 no Brasil; (3) Políticas públicas (nacionais e internacionais) decidem pela erradicação da transmissão autóctone do poliovírus selvagem nas Américas e definem as estratégias epidemiológicas para interromper a transmissão; e (4) A implantação das estratégias de erradicação interrompeu a transmissão autóctone do WPV em quase todas as regiões do mundo, exceto no Paquistão e Afeganistão, onde, em 2020, cadeias de transmissão do WPV1 desafiam as estratégias de contenção do vírus. Por outro lado, a persistência e a disseminação da circulação do poliovírus derivado da VOP, em países com baixa cobertura vacinal, somadas às dificuldades para substituir a VOP pela VIP constituem, atualmente, os obstáculos para a erradicação a curto prazo. Finalmente, discutimos as estratégias para superar os obstáculos e os desafios na era pós-erradicação.

Poliomielite: Cobertura Vacinal na Região Sudeste do Brasil

“…Somado a isso, após essa idade, aos 15 meses (representado por 1 ano no gráfico), é dado o primeiro reforço, justificando seu predomínio nesta fase. Ademais, no mesmo calendário vacinal é aplicado um segundo reforço aos 4 anos, que, contudo, pode ser aplicado em pacientes com 5 anos ou mais, quando cartão vacinal incompleto, justificando, também, a sua predominância em tais faixas etárias (Bandyopadhyay, et al, 2015;Parker, et al, 2015;Ministério da Saúde, 2014;Barros, et al, 2018;Verani, 2020;Pedreira, 2018).…”

“…Em 1989, após todo trabalho nacional para acabar com a infeção, foram registrados os últimos casos de isolamento de poliovírus selvagem. A partir desse momento, o país continua com Programas vacinais e epidemiológicos, afim de evitar a sua reintrodução (Verani & Leander, 2020;Rechenchoski, et al, 2015;Medeiros, et al, 2018;Stefanelli, 2016;Tavares, 2015;Verani, 2020).…”

“…Tal programa tem como objetivo principal a estimulação e expansão da utilização de agentes imunizantes por todo o país, reduzindo, assim, a morbimortalidade por doenças imunopreviníveis no Brasil. E, No ano de 1994, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do WPV no território brasileiro, tendo na PIN, desde 2016, a fixação das doses de VIP aos dois, quatro e seis meses de vida, sendo necessários dois reforços com a VOP aos quinze meses e aos quatro anos de idade (Bandyopadhyay, et al, 2015;WHO, 2020;WHO, 2016;Ciapponi, 2019;Névoa, 2020;Verani, 2020;Barros, et al, 2018;Verani, 2020;Pedreira, 2018).…”

História da poliomielite: da eliminação ao risco de reintrodução

“…Dessa forma, a Comissão Internacional de Certificação da Erradicação da Pólio nas Américas, concedeu a erradicação da transmissão do vírus da poliomielite em 1994. Evidenciou-se a redução de 99% dos casos com a interrupção da proliferação do vírus nas regiões das Américas, Pacifico Ocidental (2000) e Europa (2002) (Verani, et al, 2020). (Din, et al, 2021).…”

“…Em 1960 houve o início das ações de controle da poliomielite por meio da criação de duas vacinas, a Vacina Oral Poliomielite (VOP) e a Vacina Inativada Poliomielite (VIP), as quais combatem três tipos de vírus, o poliovírus tipo 1, tipo 2 e tipo 3. Com o intuito de implantar a vacinação em massa para crianças menores de 5 anos, a VOP foi escolhida para essa função devido seu baixo custo, fácil administração e indução da imunização mucosa e oral, além de ter um potencial de interromper a transmissão por conter vírus vivo atenuado o qual é excretado após a vacinação (Verani & Laender, 2020).…”