Prevalência de violência física entre parceiros íntimos nos primeiros seis meses após o parto no Município do Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

O objetivo do estudo foi estimar a prevalência de violência física entre parceiros íntimos nos primeiros seis meses após o parto entre mulheres que frequentam unidades básicas de saúde (UBS) do Rio de Janeiro, Brasil, para o acompanhamento da criança. Este é o primeiro estudo sobre o tema realizado com uma amostra representativa de UBS do Município do Rio de Janeiro. Trata-se de um estudo transversal, realizado entre junho e setembro de 2007, que incluiu 927 mães/bebês atendidos em 27 UBS, selecionadas por amostragem complexa e geograficamente representativas do município. As informações foram coletadas por meio de entrevistas face a face, por equipe previamente treinada, utilizando questionário estruturado. A história de violência física entre parceiros íntimos desde o nascimento da criança até a data da entrevista foi obtida por meio da versão nacional do instrumento Revised Conflict Tatics Scales (CTS2). Trinta por cento (IC95%: 26,2-33,8) das mães relataram ter vivenciado alguma forma de violência física entre parceiros íntimos no pós-parto e 14% (IC95%: 11,0-17,0) referiram violência física grave. Os abusos físicos ocorreram especialmente entre mães adolescentes, negras, que não viviam com o companheiro, em situação socioeconômica desfavorável, e que apresentavam falhas no cuidado pré-natal, na amamentação e na utilização do serviço de saúde. A ampla magnitude da violência física entre parceiros íntimos reforça a necessidade de enfrentamento imediato do problema. Para isso, é fundamental que os serviços da atenção primária estejam articulados a outras redes de apoio e os profissionais de saúde, preparados para lidar com o problema.

Lifetime prevalence of intimate partner violence against women in an urban Brazilian city: A cross-sectional survey

“…[17] Physical violence was found to be particularly high (30%) in the southeast city of Rio de Janeiro in women with children. [18]…”

Intimate Partner Violence in a Region of the Triple Border

“…13 A sexualização precoce, a alta paridade e a gravidez indesejada podem ser consideradas consequências da violência, em vez de um fator de risco, pois mulheres nessa situação não conseguem exercer sua autonomia para decidir sobre seus corpos. 22 O fato de uma comunicação obstaculizada com o parceiro e o comportamento controlador deste não serem considerados fatores de risco para a violência pode indicar uma dificuldade das entrevistadas no reconhecimento das violências consideradas "menores", já que há uma tendência das vítimas a considerarem esses tipos de violência como comportamentos normais em seus companheiros, e só reconhecerem como violência agressões que causam grandes danos físicos. 23 Essas características evidenciam a romantização de comportamentos violentos nos relacionamentos, o que gera o "embelezamento" do abuso e dificulta a sua identificação, tanto pela vítima, quanto pelos próprios profissionais, que por vezes deslegitimam a denúncia da vítima.…”

Cuidado pós-parto às mulheres na atenção primária: construção de um modelo avaliativo

“…Os stakeholders ratificaram o disposto pela literatura/documentos e foram essenciais para definir as ações quanto à violência doméstica e saúde sexual, já que são temas evidenciados pela literatura como importantes no pós-parto 29,31 , porém pouco enfatizados em diretrizes clínicas, e no caso da saúde sexual há foco na contracepção 11,20 . Os stakeholders deram ênfase à atenção à saúde mental, Cad.…”