Exposição ao aleitamento materno e transtornos mentais comuns na adolescência

Abstract

Resumo: O objetivo foi avaliar o efeito da exposição e do tempo de exposição ao aleitamento materno na ocorrência de transtornos mentais comuns (TMC) entre adolescentes escolares brasileiros. Este trabalho analisou dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), avaliando aqueles que tiveram o questionário referente ao aleitamento materno respondido pelos pais ou responsáveis. A presença de TMC foi identificada pelo General Health Questionnaire, versão 12 itens (GHQ-12), considerando-se dois pontos de corte (escores ≥ 3 e ≥ 5). As associações foram testadas em análises bivariadas e por meio de modelos de regressão logística múltipla, com ajustes por variáveis potenciais de confusão. Dentre os 41.723 adolescentes avaliados, a maioria foi composta por estudantes do sexo feminino (54,6%), que tinham idades entre 12 e 15 anos (71%), estudavam em escolas públicas (83,1%), residiam na Região Sudeste (51,9%) e eram das classes econômicas B (53,8%) e C (34,1%). Cerca de metade das mães dos adolescentes não tinha o ensino médio completo (51,7%). O grupo de adolescentes com mais de seis meses de aleitamento materno (51,8%) apresentou uma menor prevalência de TMC para os dois pontos de corte do GHQ-12 avaliados, quando comparado com o grupo que não recebeu aleitamento materno ou que o recebeu por período ≤ 1 mês (RI = 0,82; IC95%:0,69-0,97 e RI = 0,74; IC95%: 0,59-0,91 para 3 e 5 pontos, respectivamente). O aleitamento materno prolongado parece desempenhar um papel protetor para a ocorrência de TMC na adolescência.

Experiência e atitudes de gestantes acerca do aleitamento materno

“…Caracterizado pelo estabelecimento de uma conexão intensa entre a mãe e o bebê, que por sua vez, promove sensação de conforto, segurança e autoestima (19) . Um estudo (20) mostrou que adolescentes, entre 12 e 17 anos, que apresentaram mais de seis meses de aleitamento materno, demonstraram menor prevalência de transtornos mentais comuns, o que sugere que o leite materno parece desempenhar ação protetiva no surgimento desses transtornos, além da redução de estresse psicológico, transtornos de déficit de atenção, entre outros.…”

Relationship between early weaning and common mental disorders in adolescents and adults: a literature review

“…No que diz respeito às limitações dos estudos menciona-se a veracidade das informações acerca do período de amamentação, já que são suscetíveis a vieses de memória, bem como a tendência das mães de superestimar o tempo de aleitamento. Além disso, não houve informações acerca do ambiente doméstico e da relação entre mãe e filho durante a infância, o que impossibilita avaliar se o efeito protetor do aleitamento materno é atribuível à composição do leite ou à ligação mãe/filho (Almeida et al, 2019;Mola et al, 2016). Hayatbakhsh et al cita como limitação as possíveis variáveis tais como tipo de parto, duração da gestação, peso ao nascer, índice de massa corporal da mãe e pré-eclâmpsia.…”

GHQ-12 in adolescents: contributions to the controversial factorial validity

“…Confusion about the structure of GHQ-12 inevitably leads to misuse and the existence of works that interpret the results in very different ways. Thus, some studies explore the "prevalence" of specific mental health problems in adolescents, such as anxiety or depression, when GHQ-12 is merely a screening test that is unlikely to be able to measure specific disorders and in any way estimate prevalence (Bansal, Goyal, & Srivastava, 2009;Mann et al, 2011) or find links between such supposed disorders and other mental health problems (Almeida et al, 2019;Ogawa et al, 2019;Ojio, Nishida, Shimodera, Togo, & Sasaki, 2016). Therefore, it is necessary to know the true structure of the questionnaire, the dimensions it is able to measure and, ultimately, what it really measures.…”