Estudo de análise de rede do fluxo de pacientes de câncer de mama no Brasil entre 2014 e 2016

Abstract

Resumo: Este estudo busca analisar o fluxo de pacientes oncológicos de mama que são atendidos fora de seu domicílio de residência. Foram considerados as internações hospitalares e os tratamentos por quimioterapia e radioterapia para neoplasias malignas na mama, no âmbito do Sistema Único de Saúde, entre os anos de 2014 e 2016. Foi empregado o método de análise de redes, considerando o município de residência e de tratamento como nós de um grafo, que consiste em um “estudo de redes organizacionais de sistemas de saúde”. Além disso, distância e tempo de deslocamento foram estimados por meio da melhor rota viável, segundo a malha rodoviária do projeto Open Street Maps. Os resultados apontam que 51,34% dos pacientes de câncer de mama no Brasil foram atendidos fora de seu município de residência, seguindo fluxos que são regionalizados e que preservam fronteiras estaduais, em geral, em direção a capitais ou a cidades de grande porte. Por outro lado, os resultados também apontam exceções específicas, visto que alguns municípios detêm um grau de proeminência que supera os limites estaduais. O tempo de deslocamento entre município de residência e município de atendimento apresentou medianas próximas a três horas, e 75% dos deslocamentos se dão em até 324km para tratamento por quimioterapia, 287km para tratamento por radioterapia e 282km para internações. Esses resultados são indicativos das dificuldades de acesso aos serviços de oncologia, o que potencialmente agrava a experiência do adoecimento oncológico em termos de impacto no indivíduo e em sua família.

Fatores Associados ao Atraso entre o Diagnóstico e o Início do Tratamento de Câncer de Mama: um Estudo de Coorte com 204.130 Casos no Brasil

“…A distribuição de serviços de quimioterapia e radioterapia no âmbito dos SUS indica concentração nos grandes centros urbanos do país 20,34 . Além disso, em razão da concentração dos tratamentos oferecidos pelo SUS nas grandes cidades, muitos pacientes necessitam percorrer longas distâncias para terem acesso ao tratamento oncológico 20,21,34 .…”

“…Neste estudo, foi observado que 54,9% da população não residiam no mesmo município da unidade de tratamento, e que os indivíduos que necessitavam se deslocar para outra localidade tiveram 16% maior chance de atraso do que os que foram tratados no mesmo município de residência. Esse dado se assemelha ao de outro estudo brasileiro, no qual foi verificado que 51,34% dos pacientes, usuários do SUS, precisavam ir para outro município em busca de tratamento 21 . Evidencia-se, portanto, que as barreiras geográficas influenciam no acesso à saúde, o que já foi relatado no Estado de Minas Gerais no estudo de Alves et al 42 .…”

“…Pesquisadores brasileiros observaram que, na maioria dos casos, o primeiro tratamento oncológico é iniciado com atraso [17][18][19] . Os entraves no acesso à assistência oncológica no país têm consequências significativas para a saúde dessa população2 20,21 .…”

Regional disparities in the flow of access to breast cancer hospitalizations in Brazil in 2004 and 2014

“…In SUS health care networks, patients move from centers with less attention capacity to cities with greater capacity and complexity of services [27]. The flow of patients is organized through the displacements between reference networks (located) in large urban centers) that receive a flow of admissions from smaller cities due to their capacity and complexity of services [28,29].…”

Análise dos Atendimentos de Gestantes na Rede de Atenção Básica de Saúde no Município de São Paulo

“…Quantoà distribuição espacial de centros de atenção a saúde, existem no Brasil 438 regiões de saúde. Porém, em alguns estados, foram conformadas mesorregiões de saúde a fim de agrupar conjuntos de regiões em busca de oferta de serviços com maior grau de complexidade [Saldanha et al 2019]. Dada essa estrutura baseada em regionalização, conhecer as trajetórias dos pacientes através de seus atendimentos permite entender a oferta de serviços do SUS nas regiões de saúde, sobretudo sob a perspectiva dos pacientes.…”