Tecnologia para acesso à água na várzea amazônica: impactos positivos na vida de comunidades ribeirinhas do Médio Solimões, Amazonas, Brasil

Abstract

Resumo: Este estudo apresenta uma avaliação dos impactos de saúde e social com base na implantação de sistemas de abastecimento de água em comunidades ribeirinhas na Região do Médio Solimões, Estado do Amazonas, Brasil. Os dados foram levantados em 21 comunidades rurais, dentre elas 19 que receberam a tecnologia de acesso à água de forma experimental nos últimos 14 anos. Para a comparação, participaram da pesquisa três comunidades rurais que não receberam a tecnologia. A metodologia utilizada foi quanti/quali, com aplicação das técnicas: grupos focais, entrevistas semiestruturadas, questionários, exames parasitólogicos e análise da qualidade da água. Avaliou-se que mesmo não ocorrendo a redução da prevalência de parasitoses, os sistemas apresentaram impactos quanto ao conforto, a privacidade e na redução do tempo gasto em atividades domésticas, como buscar água no rio ou lavar roupas e vasilhas fora do domicílio. Os impactos apontam para a melhoria das condições de vida com base na perspectiva do bem-estar.

Tecnologia Social Para Abastecimento De Água De Comunidades Ribeirinhas Na Região Do Médio Solimões (Amazonas)

“…(Oreane de Oliveira, Porto Braga) Em estudo sobre as respostas sociais ao SAA, Moura (2007) observou um maior impacto no cotidiano de idosos, pela possibilidade de tomar banho dentro do domicílio e de mulheres e crianças, pois são elas as principais responsáveis pelas atividades domésticas, além de terem maior segurança ao fazer uso da água no período noturno. Pacifico et al (2021) ao fazer a análise dos impactos gerados nas populações beneficiadas pelo SAA observou que houve uma mudança no tempo gasto com atividades domésticas diárias, realizadas principalmente por mulheres e crianças. Segundos as autoras, o acesso a água encanada também refletiu na aquisição de itens que melhoram a infraestrutura e qualidade do trabalho doméstico, foi possível observar que 24,2% das famílias acompanhadas pelo estudo adquiriram máquina de lavar roupa e 27,2% passaram a ter caixa d'água em seus domínios.…”

“…Além disso, grande parte das pessoas aproveitam água de chuva para realizar todas as atividades ou somente para o consumo. Segundo estudo realizado na região do Médio Solimões por Pacifico et al (2021), onde não há abastecimento de água, são provenientes da chuva 83% da água de beber e 33% da água de cozinhar. Como o período de maior dificuldade para acessar a água, quando os rios estão mais secos, é também quando ocorre a menor quantidade de chuvas, parte da população encontra dificuldade, devido à falta de estrutura, em armazenar água de chuva suficiente para atender a todas as necessidades domésticas.…”