Distingo dois aspectos fundamentais da situação em que me encontro, ao tecer meus comentários ao artigo de Mauricio Mancilla. Sim, concordo, a intepretação implica um compromisso ético de quem interpreta com quem está sendo interpretado. Por exemplo, na tradução, um caso paradigmático de interpretação, é necessário "respeito pelo alheio" (MANCILLA, 2022). Todavia, além de respeito, eu acrescento, quem interpreta precisa ser fundamentalmente justo com quem ele/a está interpretando. 2 Pois a justiça, já ensinava Aristóteles (2001, p. 93, 1130a), é "o bem dos outros", mais precisamente, um bem devido a alguém. Logo, ela exige de quem pretende praticá-la a virtude excepcional de discernir o que cabe a alguém. No caso da intepretação, a justiça resume sua tarefa: atribuir a alguém o que, de fato, ele/a pensa.Uma vez explicitado o primeiro aspecto da situação em que desenvolvo meus comentários, passo ao segundo aspecto fundamental. Para ser justo com Mancilla, preciso lhe expor uma pressuposição, com base na qual interpreto