Genet e o mal: Sartre entre a ética e a estética

Abstract

Resumo: Este artigo tem por objetivo apontar uma relação entre a estética e a ética em Sartre, mostrando que a constituição ética do indivíduo não se distingue da sua constituição estética. Primeiramente, parte-se da crítica que Merle faz em seu artigo à psicanálise existencial e se evidencia como o encontro com a história e a postulação de uma teoria da personalização nas obras biográficas destituem tais críticas. Num segundo momento, legitimam-se as postulações anteriores, apontando-se como na obra Saint Genet Sartre ratifica a constituição do gosto sobre a moral pelo processo de personalização. Por fim, será visto que toda ética tem um pressuposto transgressor, na medida em que o sujeito ético é também sujeito estético.

Uma Análise fenomenológica existencial do adolescente em conflito com a lei

“…A indeterminação da existência traz uma ação inconsciente daquilo que lhe cabe. Segundo Prates (2019), quando a escolha ocorre de forma reflexiva, ela se dá a partir da necessidade de Liberdade, sendo o indivíduo detentor de um lugar de privilégios na passividade de sua formação -ser do fenômeno.…”

“…A consciência é móbil e está fora no mundo. A partir do objeto apreendido, rompe com a ideia de uma existência pronta, essencialmente dada, que se dará na abertura para a Liberdade de ser (PRATES, 2019). Ainda no que diz respeito à constituição do sujeito, cabe destacar que a consciência transcende a si mesma pela intencionalidade, que, mais do que o objeto apreendido, é o que se faz dessa apreensão.…”

“…Ao "roubar" uma faca na cozinha, por volta dos sete anos de idade, Genet "vestiu-se" de uma determinação dada a ele pelo pai: a de ladrão. A partir de então, apreendeu para si o que foi dito sobre ele e passou a cometer diversos delitos (PRATES, 2019). Genet era filho de pai desconhecido e mãe prostituta e foi adotado por uma família rural, tendo uma educação baseada no preceito de moralidade.…”

“…Neste caso, escolher ser honesto ou ladrão, tendo consciência da responsabilidade que cada opção traz consigo. Segundo descrito por Prates (2019), o trânsito entre o mal e o bem e entre a escolha e a não escolha pode criar um caminho de transcendência. Genet não se preocupou com o delito em si, mas com a satisfação que teria a partir dele.…”