Reestruturação Industrial Brasileira nos Anos 90. Uma Interpretação

Abstract

RESUMO A indústria brasileira sofreu profundas mudanças nos anos 90, embora não seja fácil ter uma visão sintética e abrangente da transformação. Para ter essa visão, é preciso levar em consideração a forte influência dos anos de alta inflação (até meados de 1994). A estabilização e a supervalorização (do real) nos anos seguintes ao lançamento do Plano Real foram outra influência decisiva. O artigo argumenta que, submetida a esse conjunto de eventos condicionantes, a indústria brasileira passou por uma recuperação (limitada) durante os anos noventa. Ele também tenta mostrar como o progresso se concentrou principalmente no nível do avião - tanto em empresas industriais multinacionais quanto nas domésticas.

Indústria 4.0 e desemprego tecnológico na manufatura brasileira

“…O porte setor de bens de capital doméstico, com relativo atraso tecnológico, tornouse um elemento frágil para se comportar como um elemento indutor da utilização de novas tecnologias e para dar maior sustentação a um ciclo de investimentos a partir da demanda interna em um momento de atualização tecnológica das plantas produtivas. Os anos 1980 e 1990 definiu um padrão de especialização das grandes empresas nacionais marcado pela saída dos setores de maior intensidade tecnológica e de maior dependência dos investimentos públicos, concentrando justamente os esforços em estratégias voltadas para os setores de maior maturidade tecnológica e mais intensivos em recursos naturais (Castro, 2001).…”

Inserção externa e desenvolvimento econômico: um estudo das experiências brasileira e chinesa no período 1990-2008

“…No que se refere à política cambial adotada, são conhecidos os efeitos deletérios que esta possui sobre o balanço de pagamentos, dada a perda de competitividade dos bens nacionais frente aos similares internacionais pela valorização cambial, sobretudo para o setor industrial. Coutinho (1997) e Castro (2001) enfatizam os problemas advindos dessa política para a indústria brasileira. Destacam que a política cambial implementada com a adoção do Real levou a um forte desestímulo ao setor exportador, que perdeu competitividade frente aos competidores internacionais.…”

Desenvolvimento urbano contemporâneo em cidades médias do interior paulista sob o estatuto da cidade: uma análise comparada de Piracicaba, Bauru e Rio Claro

“…O que ainda explica a relativa competitividade da indústria brasileira foi o processo de reestruturação produtiva que enfrentou a partir da abertura econômica dos anos 1990. Castro (2001) esquematiza os principais traços desse processo a partir da estabilização monetária: 1) adoção de métodos modernos de gestão para atender padrões internacionais de eficiência; 2) modernização/diversificação da linha de produtos ajustando a oferta às novas exigências do mercado doméstico; e 3) deslocamento de fábricas para áreas e regiões com economias de aglomeração (infraestrutura, mão de obra e matérias primas baratas, e incentivos fiscais, etc.). Globalização, abertura econômica e reestruturação produtiva formam o novo paradigma que molda a conjuntura internacional recente e passa a restringir a política econômica aos imperativos da austeridade fiscal e do Estado mínimo em lugar do desenvolvimentismo.…”