Folie à deux (transtorno delirante induzido)

Abstract

RESUMO Folie à deux, ou transtorno delirante induzido, é uma síndrome rara caracterizada por transferência de delírios de um sujeito considerado primariamente psicótico para um ou mais sujeitos considerados secundários em relação à origem do delírio. Apesar de ser um diagnóstico considerado raro, e até por isso esquecido nos tratados psiquiátricos atuais, nosso artigo descreve um caso de folie à deux entre mãe (sujeito delirante primário) e filha (paciente previamente saudável e secundariamente psicótica) que teve sucesso terapêutico e evolução muito favorável. Apesar de nosso caso ter tido evolução favorável, há relatos na literatura de desfechos trágicos como infanticídio. Além disso, nosso artigo chama atenção para alguns aspectos importantes. Primeiro, quadros de folie à deux podem ocorrer em muitas situações, e não só em confinamentos, diferentemente do que os sistemas classificatórios atuais tendem a fazer. Igualmente, não são tão raros como se supõe. Por último, os clínicos devem estar atentos a possíveis problemas psiquiátricos não reconhecidos no indivíduo considerado secundário.

Folie à deux, aspectos delirantes da personalidade: o caso das irmãs Sabina e Úrsula Erickson

“…A "Folie à deux" é uma derivação da psicose na qual um sujeito tem suas concepções de delírios compartilhadas entre parceiros (neuróticos ou psicóticos) que dividem por um longo período de tempo o convívio íntimo, caracteriza-se por um fenômeno de cunho delirante e induzido. Esta transferência delirante de um sujeito dito, primordialmente, psicótico para um ou mais indivíduos considerados secundários (parceiros neuróticos) tendem a ser receptivos ao delírio (Machado, et al, 2015).…”

“…Já a secundária, apresenta-se de modo diversificado no campo das estruturas, ou seja, há uma exceção nas estruturas quando se trata do Fenômeno Folie à deux. O sujeito previamente saudável e secundário, conforme Machado et al (2015), que, em consonância com a teoria psicanalítica, seria receptivo por estar em uma posição de sugestionabilidade dentro da estrutura Neurótica. Tal sujeito estaria posicionado na estrutura da psicose na "fase anal expulsiva" e na estrutura Neurótica na "fase anal retentiva", facilitando a acessibilidade para receber os delírios e alucinações de seu parceiro, visto que ambas as fases são próximas uma da outra (Bergeret, 1991).…”

“…Segundo Machado et al (2015), os parceiros que recebem o delírio e os que projetam se encontram em estruturas diversificadas um do outro, sendo o psicótico primário, o dominante e o secundário são quem recebem a realidade delirante, ao passo que, quando os parceiros são separados os delírios tendem a desaparecer enquanto o outro permanece dentro da realidade psicótica, ou seja, o primário.…”

Neuroimagem E Delírios: Decifrando Os Padrões Da Mente Delirante

“…Muitos aspectos permanecem obscuros, incluindo a relação entre os padrões de atividade cerebral observados na neuroimagem e os processos cognitivos e afetivos subjacentes aos delírios. Além disso, a heterogeneidade dos delírios e a variabilidade entre os indivíduos representam desafios significativos na interpretação dos dados de neuroimagem e na generalização dos resultados 1,4 .…”

Práticas colaborativas interprofissionais: potências e desafios em uma unidade básica de saúde tradicional

“…Para ilustrar a experiência de matriciamento enquanto prática colaborativa interprofissional desenvolvida na UBS Alto de Pinheiros, são apresentados alguns trechos das reuniões realizadas colhidos dos registros efetuados, as quais estão apresentadas por número para sua diferenciação, com identificação dos profissionais participantes, bem como a temática tratada como a seguir: Os sintomas de "folie à deux" se referem a um fenômeno raro, em que sintomas psicóticos são compartilhados por dois indivíduos geralmente familiares, onde há transferência de delírios de um para outro sujeito (Machado et al, 2015).…”