Projeto “Imigrações contemporâneas em cidades globais: intolerâncias e solidariedades”. Banco de Histórias de Vida de Africanos deslocados para o Brasil em busca de Formaçao Acadêmica e de Ferramentas para a ação em políticas públicas de Direitos Humanos.
ESTUDOS AVANÇADOS 15 (42), 2001 187 S DEBATES sobre alfabetização no Brasil contam com longa tradição, especialmente aqueles oriundos dos processos de letramento, centrados na inclusão social, nos quais o sujeito da ação educativa deve ser considerado como portador de um conhecimento complexo, resultado do seu vivido, da cultura, da experiência adquirida na trajetória de cada um em sua relação com o lugar e com as histórias de vida. Não seria demais relembrar os trabalhos de Maria José Werebe (1), Paulo Freire, Anísio Teixeira, que dedicaram grande parte de suas vidas na busca de soluções adequadas para o enfrentamento da questão.Deve-se ainda ressaltar que as campanhas de alfabetização e os movimentos de ampliação das redes escolares, cujo crescimento é contínuo desde o final dos anos 60, não eliminaram o problema do analfabetismo -como pode ser observado por censos escolares e dados do próprio Ministério da Educação que apresentam cifras elevadas -tornando o problema um desafio para todos os interessados na superação desta marca da exclusão. É inconcebível para um país como o Brasil, cujo anseio de desenvolvimento aparece nos discursos políticos de diferentes partidos, a fragilidade das políticas públicas destinadas a atender esta expectativa de direito, não seja enfrentada com a seriedade necessária.Uma das questões analisadas neste trabalho é a da inadequação das metodologias escolares quando elas se referem ao ensino de jovens e adultos que não puderam ser escolarizados pelo sistema regular. A carência de espaços adequados, de materiais de trabalho e mesmo os preconceitos dos educadores em relação a esses alunos são significativos.A formação dos professores, centrada em modelos homogêneos de enfrentamento da realidade escolar, via de regra aparece como um obstáculo na relação entre educadores e educandos, uma vez que o sentido preceptoral do magistério produz de imediato um afastamento entre as partes, já que os jovens e adultos possuem valores consolidados, experiências de vida desconhecidas pelos professores e formas de manifestação verbal e simbólica particulares. Deste modo, o auto-reconhecimento e a dialogia passam a ser centrais para que se crie um processo de comunicação entre as partes (2). O pensamento dialógico permite a recuperação dos elementos constitutivos da cultura popular e da erudita, que podem ser resgatadas nos muitos pontos de conexão existentes entre elas, assim como a cultura letrada e a verbal são simbioses de um reconhecimento mútuo da diversidade.
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