, é psiquiatra e psicanalista e esse livro resultou de uma dissertação de mestrado apresentada no Departamento de Comunicação e Semiótica da PUC-SP.O trabalho trata da articulação entre três campos do conhecimento: psiquiatria, semiótica de Charles S. Peirce e cinema. São conceitos costurados para a contribuição ao campo da psicopatologia. Para progredir na teoria do delírio é necessária uma nova formulação. DSM-IV e CID-10, os códigos atuais de classificação dos transtornos mentais não destacam mais os quadros delirantes.O "delírio" tem aparecido mais como característica "psicótica" de vários quadros do que como categoria diagnóstica específica. Como as outras posições dos códigos, essa encontra críticos radicais. Um deles é o psiquiatra Carol Sonenreich, que propõe o delírio como "perda da comunicação lógica entre um indivíduo e os outros".A semiótica de Peirce foi escolhida para apoiar a proposta de Sonenreich e acrescentar elementos da lógica do pragmatismo, além do interessante conceito de falibilismo inventado por Peirce. O filósofo americano acreditava que uma das mais elementares capacidades do ser humano é perceber a possibilidade de falhar. Essa percepção facilita o reconhecimento do erro, a correção e a retomada do alvo de acerto. A aplicação desse conceito tão simples ao delírio revela que o delirante é incapaz de reconhecer suas falhas. É o outro que o persegue, só há certezas.As idéias com respeito à clínica psiquiátrica devem ser sempre ilustradas com exemplos: o relato, a observação do caso. Entretanto, a interlocução desse livro se dá no campo da arte, da comunicação, além de um apanhado no campo das neurociências. Desse modo, o instrumento usual não pode ser a observação clínica. O cinema foi escolhido como fonte de exemplos, um paralelo aos casos da clínica. Apesar de a televisão ser o meio de comunicação mais popular, ainda é o cinema que mais transmite conceitos abordados pelo campo da saúde mental. Desde seu surgimento, o cinema utiliza a psiquiatria como tema, o que não tem ocorrido com outras mídias.Ressalta-se que não são feitos diagnósticos de personagem -isto é uma característica da relação médico-paciente -mas alguns filmes exibem a narrativa tal qual podemos encontrar na psiquiatria. Alguns realizadores se propõem a exibir personagens com doença mental. Trata-se, portanto, da intenção do filme.O cinema influencia a visão do mundo, tanto dos psiquiatras quanto de seus pacientes. As condutas atribuídas aos "loucos" de filme podem influenciar a sintomatologia. Sabemos que os doentes interpretam suas vivências, suas percepções conforme padrões, lugares comuns, com os quais as "mídias" e a cultura nos familiarizam. A expressão da doença pode ser moldada pelos filmes vistos, assim como é pelas experiências de vida, pelos valores que adotamos.O cinema como substituto de casos exemplares, como lugar limite entre realidade e fantasia, como modelo de valores e tipos propagados pela "mídia" é articulado nesse trabalho, para ampliar os argumentos do autor e descortinar outras perspectivas.Profes...
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