A retórica da unidade nacional como base para a construção de uma nova sociedade é uma das inspirações na implementação de políticas no contexto cubano atual. A exemplo disso, a Estratégia Nacional de Atenção a pessoas transexuais, em Cuba, almeja a integração social das pessoas trans*, recorrendo a narrativas de unidade e coesão nacionais. Este trabalho reflete criticamente sobre os limites das políticas públicas e o modo como determinadas retóricas colocam em causa a sua universalidade. Para tal baseamo-nos em contribuições dos estudos culturais, estudos feministas e debates acerca da democracia radical e plural. Nas conclusões apontamos alternativas ao discurso da integração das pessoas trans*, em Cuba, pela via da unidade e coesão nacionais. Dentre as alternativas consideramos que um distanciamento face a concepções que pensem as diferenças apenas em termos de relações de subordinação e antagonismo, assim como uma aposta no caráter provisório das políticas, a sua possibilidade de criar alianças, de ser mobilizadas pelas paixões, poderiam contribuir significativamente para incrementar a cidadania de pessoas trans* no contexto cubano.
Comunidades e famílias multiespécies: aportes à saúde única em periferias" 1 é um livro de autoria coletiva, sob a organização de Oswaldo Santos Baquero e Érica Peçanha, docentes e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Lançado em 2021 pela Editora Amavisse de São Paulo, na escrita do livro concorrem múltiplos viventes, corpos e territórios, a maioria dos quais vivenciam processos de marginalização e resistência.Encontramo-nos diante de um trabalho que mistura uma multiplicidade de produções textuais, tais como ensaios, reflexões autobiográficas, debates teóricos e relatos de pesquisa. Tal abordagem se posiciona também como inter(in)disciplinar ao convocar diferentes campos de conhecimento para abordar a saúde e ao abrir um espaço de luta contra o apagamento epistemicida dos saberes das periferias. Como se afirma logo na apresentação: "este livro abre um espaço desde o cruzamento entre periferias do saber, urbanas e animais" 2 (p. 14).
Aprovação de comitê de ética em pesquisa Não se aplica. Licença de uso Este artigo está licenciado sob a Licença Creative Commons CC-BY. Com essa licença você pode compartilhar, adaptar, criar para qualquer fim, desde que atribua a autoria da obra.
Communities and multispecies families: contributions to the One Health approach in peripheries" 1 is a collective authorship book, organized by Oswaldo Santos Baquero and Erica Peçanha, professors and researchers at the University of São Paulo (USP). Released in 2021 by the Amavisse Publishing House in São Paulo, shows the concurrence in its writing of multiple living beings, bodies, territories, most of which experience marginalization and resistance processes.We find ourselves in the presence of a work that blends a multiplicity of textual productions such as essays, autobiographical reflections, theoretical debates, research reports, among others. Such approach is positioned as inter(in)disciplinary when summoning different fields of knowledge to approach health, but also for opening a space of struggle against the epistemicidal erasure of the knowledge of the peripheries. As stated in the introduction: "this book opens a space from the intersection between the peripheries of knowledge, both urban and animal" 2 (p. 14).
In this work, we reflect on how different figures of alterity are targets of marginalization and what this implies in terms of recognition in political grammars that establish who can become a subject of health. Based on feminist and decolonial contributions, we discuss some ontological assumptions about the relationship between humans, non-humans, and nature to broaden the understanding of the One Health of Peripheries. We also incorporate some narratives of adolescents who live in the Jardim São Remo favela (São Paulo, SP) and act as One Health of Peripheries Young Agents. In dialogue with them, we explore the process of constitutive exclusion of favelas, based on rhetorics that do not recognize the plurality of collective configurations and reinforce the figure of favelas as a threat to public security. In contrast to this project, we bring the principles of reforestation and confluence of significant alterities to reinforce the multispecies justice promoted by the praxis of One Health of Peripheries.
Resumo Neste trabalho, refletimos sobre o modo como diversas figuras de alteridade são alvo de marginalização e o que isso implica em termos de reconhecimento nas gramáticas políticas que estabelecem quem pode se tornar um sujeito da saúde. A partir de contribuições feministas e decoloniais, discutimos algumas premissas ontológicas acerca da relação entre humanos, não humanos e a natureza, para alargar o entendimento da Saúde Única em Periferias. Também incorporamos narrativas de adolescentes que moram na favela Jardim São Remo (São Paulo, SP) e atuam como Agentes Mirins da Saúde Única em Periferias. Em diálogo com eles, exploramos o processo de exclusão constitutiva das favelas, apoiado em retóricas que não reconhecem a pluralidade das configurações coletivas e reforçam a figura das favelas como ameaça à segurança pública. Em contraposição a esse projeto, trazemos os princípios de reflorestamento e da confluência de alteridades significativas para reforçar a justiça multiespécie promovida pela práxis da Saúde Única em Periferias.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.