RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo analisar a estratégia da Tutoria inserida em um currículo médico com tendência ao tradicional, não orientado por problemas, utilizando as falas de estudantes de Medicina de uma instituição de ensino superior brasileira. Para a compreensão do campo-tema, optou-se por desenvolver uma pesquisa com abordagem qualitativa. Os referenciais teórico-metodológicos utilizados discutem os processos de ensino-aprendizagem e da área de linguagem e análise de discurso. Como procedimentos metodológicos foram utilizadas as técnicas de Roda de Conversa, diário de campo e observações. Foram identificados os repertórios linguísticos das falas dos sujeitos, com foco nas controvérsias do discurso, que conformaram sete conjuntos de sentidos. Conclui-se que, com base nas falas dos estudantes, a inserção da estratégia da Tutoria, de inspiração na Aprendizagem Baseada em Problemas, em currículos mais tradicionais pode ser uma alternativa para iniciar processos de mudança curricular no caminho da construção de uma aprendizagem significativa, desde que haja planejamento coerente com a proposta pedagógica do curso, resultando no desenvolvimento de autonomia, criticidade, respeito e aprendizado com as diferenças, que são competências importantes a serem desenvolvidas pelo futuro médico.
Experiências de formação médica com a inserção de estudantes em contextos interculturais – populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas – são ainda escassas no Brasil. Este artigo traz um relato de experiência sobre as vivências significativas de acadêmicos de Medicina junto à comunidade indígena Potiguara, no Projeto de Extensão Iandé Guatá, na Paraíba (Brasil). A partir da elaboração de mapas conceituais, as vivências mais significativas foram descritas e discutidas, utilizando-se narrativas e relatórios produzidos pelos extensionistas ao longo do projeto. As vivências relatadas expressam que o processo de aprendizagem dos estudantes os aproximou do universo indígena, permitindo superar o imaginário romântico, mediante à imersão na cultura local, reconhecendo-se nesses alunos um compromisso com a transformação social. Espaços dialógicos como o desta experiência permitem desenvolver competências para o trabalho comunitário e o reconhecimento e a valorização de saberes tradicionais.
This article aims at discussing aspects of the Project More Doctors for Brazil’s Special Supervision Group in areas of difficult access in the Brazilian state of Roraima. It is focused on the relationships between supervisors and doctors, identifying potentialities and difficulties, and highlighting strategies to overcome them. This is an experience report from a thematic content analysis of documents produced by supervisors in 2015 and 2016. Three key categories emerged: potentialities, challenges of the process and constructions based on supervision. Based on the analysis, this is an innovative relationship in healthcare, where academia and services hardly ever come together. It is a complex relationship with structural, cultural and educational limitations. It requires creativity and planning to play all different roles under construction.
Objetivo. Mapear as características de implantação de novos cursos de Medicina nas universidades federais brasileiras, a partir de 2013. Métodos. Estudo exploratório com metodologia quantitativa e qualitativa. Foi realizado um levantamento das novas escolas de Medicina em universidades federais, com análise dos projetos pedagógicos dos cursos e entrevistas a estudantes, professores e profissionais de serviços de saúde vinculados às escolas de Medicina. Os dados coletados foram analisados quantitativa e qualitativamente. Resultados. Foram identificados 30 novos cursos de Medicina, dos quais 24 foram visitados. Todos os novos cursos se localizam fora dos grandes centros urbanos e capitais, nas cinco macrorregiões brasileiras; são organizados em arranjos formativos diversos, que buscam superar a fragmentação disciplinar com metodologias ativas e avaliação formativa. A rede de saúde é utilizada na formação para enfrentamento dos desafios da integração ensino-serviço-comunidade, com vistas a uma formação crítica e voltada à saúde pública. A criação dos cursos promoveu a interiorização de docentes, embora de forma limitada, e contribuiu para o ingresso de estudantes locais e a criação de residências médicas, expedientes potentes na fixação médica. Conclusões. Observou-se diversidade nas formas da materialidade e aderência ao disposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de Medicina publicadas em 2014. A construção de modelos de formação médica condizentes com as particularidades locais e com as exigências do Sistema Único de Saúde (SUS) em seu papel de ordenador da formação dos profissionais da saúde pode contribuir para reduzir as desigualdades em saúde.
O Programa Mais Médicos ampliou o acesso à assistência médica nos contextos indígenas brasileiros, como na Terra Yanomami (TY). Até novembro de 2018, na TY havia exclusivamente médicos cubanos, quando foram substituídos por brasileiros. Esta pesquisa qualitativa buscou compreender as experiências desses médicos brasileiros em seus primeiros meses de trabalho. Realizou-se análise temática dos conteúdos provenientes de entrevistas semiestruturadas, tendo como fio condutor os princípios da Atenção Primária à Saúde (APS) e como referenciais teóricos o saber da experiência e as políticas de saúde indígena. Emergiram três categorias relacionadas ao cuidado em saúde indígena: processo de trabalho, encontro entre culturas e formação médica. As experiências mostraram-se complexas e heterogêneas, com demonstração de satisfação e aprendizados. Conclui-se que o cuidado em saúde indígena demanda um olhar singular e diferenciado para os princípios da APS, devendo-se construir competências para atuação médica nesse contexto.
Resumo: Introdução: O programa de extensão Amigos do Sorriso foi construído a partir da compreensão da extensão universitária como integrante da formação dos estudantes, ao proporcionar vivências e trocas na aproximação entre a academia e a sociedade em geral. Os participantes são estudantes da área da saúde e desenvolvem atividades lúdicas com foco no processo de humanização, na educação em saúde e nos seus efeitos multiplicadores. Desde 2010, o programa realiza atividades quinzenais numa instituição de longa permanência para idosos (Ilpi), com o objetivo de oportunizar momentos lúdicos, com estratégias criativas e comunicativas, no sentido de ressignificar a velhice por meio do brincar. Este artigo tem como objetivos descrever as vivências e compreender quais foram os aprendizados desenvolvidos pelos estudantes de Medicina nesse âmbito. Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, desenvolvida a partir de 13 narrativas redigidas entre 2018 e 2019 por estudantes de Medicina que participaram das atividades lúdicas na Ilpi. Realizou-se análise temática de conteúdo dos materiais em diálogo com os referenciais teóricos e a literatura relacionada. Resultados: As três categorias temáticas foram: o brincar com o idoso, construção artesanal da comunicação e partilha entre gerações sobre o envelhecer. Os extensionistas discutiram as diversas formas do brincar, sua relação com a promoção da saúde e as especificidades de desenvolver atividades lúdicas com o idoso. Utilizaram diversas formas de comunicação para interação com os idosos, conversando, ouvindo e contando histórias e respeitando os silêncios, o que provocou encontros e desencontros, todos disparados pelo brincar. Discutiram sobre o processo de envelhecimento, a saúde do idoso, a velhice asilar e o próprio encontro de gerações por meio do qual puderam refletir sobre si mesmos. Conclusões: As atividades na Ilpi proporcionaram aos estudantes a percepção da potência das estratégias lúdicas, promotoras da autonomia e saúde, sem infantilização dos idosos. Possibilitaram o reconhecimento de estratégias para aproximação e vínculo, respeitando limites individuais e coletivos, ao compartilharem histórias e sentimentos de forma empática. Dessa forma, destaca-se o desenvolvimento de competências para o futuro médico, tanto gerais como para o cuidado com as pessoas idosas, no reconhecimento de que todos estão envolvidos no universo do florescer do envelhecimento.
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