O presente texto tem por objetivo promover uma reflexão teórico-metodológica sobre as possibilidades de análise de constituição, ao longo do tempo, do saber profissional do professor que ensina matemática nos primeiros anos escolares. O estudo mobiliza categorias teóricas elaboradas por autores da Equipe de Pesquisa em História das Ciências da Educação (ERHISE) da Universidade de Genebra, na Suíça, em termos da existência histórica de saberes a ensinar e saberes para ensinar. Na apropriação realizada de estudos dessa Equipe, são considerados termos como “matemática a ensinar” e “matemática para ensinar”. O texto propõe uma alternativa metodológica para a pesquisa dos saberes profissionais do professor que ensina matemática exemplificando tal proposta a partir de estudos em andamento no âmbito de projeto amplo de pesquisa que reúne dezenas de investigadores brasileiros interessados na caracterização de uma “matemática para ensinar”.
Ao saber quem são seus avôs, bisavôs e mesmo tataravôs profissionais, o professor de matemática passa a ver o trabalho de seus colegas contemporâneos, e seu próprio fazer docente, de outro modo. Dá a seu ofício uma dimensão histórica. Considerar o trabalho do professor de matemática numa dimensão histórica permite uma compreensão diferente do sentido das ações realizadas nas salas de aula hoje. Ter ciência de contextos de outros tempos do ensino de matemática possibilita o entendimento do que são novidades e continuidades, na tarefa cotidiana de ensinar matemática a crianças, jovens e adultos. Este breve texto tem a intenção de apresentar ao professor de matemática alguns de seus antepassados profissionais. Ao considerar de modo bastante sumário essa genealogia, quem sabe seja possível encontrar aqueles familiares que foram deixando heranças às práticas e saberes atuais da Educação Matemática.
RESUMO Este texto busca caracterizar saber objetivado tendo em vista a mobilização dessa noção no debate que trata da constituição dos saberes presentes no ensino e na formação de professores. Para tal, o estudo realiza um inventário sobre os modos diferentes de tratar os saberes presentes no ensino e na formação de professores, levando em consideração mapeamentos brasileiros recentes da pesquisa educacional sobre o tema. Na investigação dos saberes, dois tipos estão presentes: os saberes da ação e os saberes objetivados. Os primeiros constituindo paradigma dominante orientador das pesquisas sobre formação de professores, conforme indicação dos mapeamentos; e os saberes objetivados, sendo tratados por recentes estudos vindos da Universidade de Genebra, na Suíça, de modo a melhor caracterizar como historicamente são configurados os saberes presentes na formação de professores. Como conclusão, o texto argumenta sobre a importância da mobilização de bases teórico-metodológicas que tornem inteligíveis processos e dinâmicas de produção dos saberes profissionais dos professores, colocando no centro das discussões o saber, trazendo para o debate a epistemologia, tratada no campo da formação de professores, problematizando os saberes pedagógicos em termos de processos de objetivação, dando sentido às investigações que visam compreender como se constituem os saberes objetivados em sua articulação com os saberes da ação.
Este artigo tem por finalidade elaborar uma sistematização das discussões realizadas, a partir do estudo de uma das referências teórico-metodológicas constituintes de um projeto coletivo de pesquisa. Interrogamos: ‘Que contribuições a análise desse estudo dá à pesquisa histórica sobre o saber profissional do professor que ensina matemática?’ Foram consideradas quatro categorias de análise no âmbito das discussões realizadas sobre o referencial: relações passado-presente; papel dos experts na elaboração de saberes; relações entre campo disciplinar e campo profissional; articulações entre profissionalização/saberes/formação docente. O resultado aponta para um alargamento do próprio referencial analisado possibilitando melhor conformação do objeto de pesquisa do projeto coletivo que se volta ao saber profissional do professor que ensina matemática.
Este texto aborda o tema da matemática na formação de professores dos primeiros anos escolares, hoje denominados Ensino Fundamental I. Trata do assunto considerando que, em meio ao conjunto de saberes profissionais do professor dos primeiros anos escolares, historicamente vem sendo elaborada uma matemática para ensinar articulada a uma matemática a ensinar. A matemática para ensinar revela-se como um saber profissional, uma matemática para o exercício da docência, uma ferramenta de trabalho do professor para ensinar matemática. E, se assim é, por hipótese teórica, a pergunta mobilizadora do artigo pode ser enunciada como: no uso dos programas de ensino e de manuais escolares como fontes de pesquisa, como caracterizar a matemática para ensinar? Consideram-se como aportes teórico-metodológicos os estudos sócio-históricos que vêm sendo desenvolvidos pela Equipe de Pesquisa de História Social da Educação – ERHISE, da Universidade de Genebra. Na conclusão do estudo, pontuam-se elementos importantes para o desenvolvimento de pesquisas que buscam caracterizar o saber profissional do professor que ensina matemática.
Este texto analisa a entrada da Álgebra nos saberes matemáticos de formação de normalistas, a partir das últimas décadas do século XIX. Considera o debate entre dois modelos diferentes, para a formação dos professores dos primeiros anos escolares: o modelo ilustrado, para o ensino de cultura geral e o modelo de formação profissional restrita. A análise realizada toma os referentes da História Cultural. O estudo orienta-se pela questão: que razões justificam a entrada da Álgebra na formação do professor do ensino primário? Os resultados da investigação mostram a presença de rudimentos algébricos que amplificam o domínio da Aritmética tradicional. Em sentido mais amplo, tais conclusões indicam que para o estudo dos modelos de formação é necessário considerarem-se as finalidades de cada um dos saberes particulares, de cada conteúdo matemático. Palavras
ResumoO objetivo do texto é analisar comparativamente a Matemática da escola primária francesa e brasileira no período compreendido entre 1880 a 1960. Utiliza-se uma perspectiva teórico-comparativa que poderia ser denominada de história internacional, advinda dos estudos recentes do pesquisador D. Matasci. São mobilizadas como fontes de pesquisa para o trabalho, sobretudo, uma documentação oficial relativa à Educação no Brasil; e, no caso francês, resultados de pesquisas advindos desse tipo de material. Os resultados do estudo mostram que a Matemática escolar do curso primário de ambos os países constituem apropriações internacionais vindas das trocas intelectuais ocorridas em congressos, missões e uma série de atividades que colocam em comparação modelos que circulam internacionalmente e são trazidos para orientar propostas nacionais. Palavras-chave:Internacionalidade. História da Educação Matemática. Curso Primário de Matemática. História Comparativa, França e Brasil. AbstractThe purpose of the paper is to analyze the mathematics of French and Brazilian primary schools in the period of 1880 to 1960. It uses a theoretical and comparative perspective that could be called international history, arising from recent studies done by researcher D. Matasci. The study mobilizes, as sources of research, mainly official documentation related to Education in Brazil; and, in the French case, results of research coming from this type of material. The study results show that the primary school mathematics course in both countries are appropriation of international intellectual exchanges that took place at conferences, missions and a number of activities that put in comparison models circulating internationally and are brought to guide national proposals. IntroduçãoA comparação entre a França e o Brasil, no que diz respeito ao ensino de Matemática no curso primário, a partir das décadas finais do século XIX, inscreve-se num movimento mundial de internacionalização de um discurso sobre a educação. Os dois países podem ser vistos como participantes de uma teia de trocas, de apropriações de modelos que circulam * Professor Livre Docente
O artigo aborda a geometria para crianças, seu ensino para alunos das primeiras séries escolares. Leva em conta, inicialmente, a trajetória da Geometria para o nível elementar, desde, praticamente, a Independência do Brasil. Nessa análise, evidencia a permanência de conteúdos da geometria euclidiana até quase meados do século XX. Em seguida, analisa as propostas de alteração do ensino de Geometria elaboradas na década de 1960. Com isso, procura mostrar as intenções de modificar os conteúdos desse ramo matemático, em busca da redefinição de um novo elementar: um novo conhecimento elementar de geometria, vindo de processos de apropriação das contribuições trazidas pelos estudos da Psicologia cognitiva.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.