ResumoEste artigo propõe discutir o processo de negação, ou "apagamento", que foram submetidos os chamados "índios mansos" que viviam alocados nos aldeamentos da província de São Paulo, na segunda metade do século XIX. Demonstrarei que o referido "apagamento" se embasa na miscigenação de tal população aldeada com os não indígenas que habitavam as terras adjacentes, fazendo com que aqueles fossem considerados assimilados ou vistos não mais como índios. Veremos como tal argumento foi largamente usado pelos administradores, políticos e colonos para a desapropriação das terras de tais núcleos de concentração indígena. Portanto, tendo como base uma abordagem interdisciplinar entre a história e a antropologia, procuro analisar a documentação primária disponível -cartas e relatórios -e as pesquisas produzidas até aqui sobre o tema em questão.
Palavras-chaves:Miscigenação; Indígenas; Aldeamentos; Terras.
AbstractThis paper aims to discuss the process of negation, or "deletion", who underwent the so called "índios mansos" living in the settlements allocated in the province of São Paulo in the second half of the nineteenth century. Demonstrate that such "deletion" was grounded on miscegenation such population with the Indians not inhabiting the adjacent land, causing those were considered assimilated or seen not as Indians. We will see how this argument was widely used by administrators, politicians and settlers to expropriate the land of such groups of indigenous concentration. Therefore, based on an interdisciplinary approach between History and Anthropology, I try to analyze the primary documentation -letters and reports -and the research conducted so far on the subject in question.
Este trabalho visa compreender as percepções que pescadores artesanais da Praia dos Pescadores, Itanhaém-SP, têm sobre os impactos provocados pelas mudanças do clima no ambiente marinho da região. O trabalho de campo foi realizado entre os meses de dezembro de 2010 a fevereiro e abril de 2011, sendo coletados depoimentos de 10 pessoas que trabalham com a pesca artesanal há mais de 10 anos. A pesquisa está teoricamente fundamentada nos estudos antropológicos que investigam o uso dos sentidos corpóreos por distintas culturas. O estudo demonstra que os pescadores apontam que, além da pesca de arrasto e da poluição, as alterações climáticas são também responsáveis pela diminuição do pescado na região, alterações nos ciclos das chuvas, diminuição da quantidade de peixes, mudanças nos períodos de migrações e reprodução de algumas espécies como, por exemplo, a tainha, robalo, camarão sete-barbas, etc.
O imaginário caiçara paulista, assim como de outros povos tradicionais, tem a função de garantir a conservação do espaço em que essa população vive, além de desempenhar um papel na sociabilidade, na incorporação de valores e, logo, na preservação do seu mundo (WALDECK, 2001). Mas o chamado desenvolvimento econômico da região provocou significativas transformações em seu modo de vida (DIEGUES, 1988). Por conseqüência, trouxe implicações no imaginário desse povo. Deste modo, o pescador-lavrador teve que se adaptar a nova situação que lhe foi imposta. Assim, o caiçara itanhaense não passou incólume por essas alterações. O objetivo deste trabalho é analisar como essas mudanças sociais têm afetado o imaginário dessa comunidade e verificar o que dele sobreviveu. A presente pesquisa foi realizada entre os meses de dezembro e janeiro de 2008, com pescadores que exercem suas atividades na Praia dos Pescadores, localizada em Itanhaém-SP, há mais de 40 anos.
Palavra chave: caiçaras, imaginário, conservação.
Resumo Nesta nota de pesquisa, apresento parte de uma etnografia histórica que, atualmente, venho desenvolvendo com os Tupi e os Tupi Guarani das aldeias localizadas em diversos pontos do litoral e do interior de São Paulo. O que segue é uma tentativa de reconstituir o processo de formação das identidades homônimas ocorrido entre os séculos XIX e XXI. Para tal propósito, procurei reunir os fragmentos de memória oral dos txeramôes e txedjrays, avôs e avós destes indígenas, e de documentos escritos – disponíveis nos acervos do Serviço de Proteção ao Índio da Fundação Nacional do Índio (SPI-FUNAI), do Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP), em bibliotecas etc. Os resultados preliminares indicam que, no século XIX, intelectuais e políticos consideravam como certo o fim dos grupos Tupi, seja pela miscigenação ou pelo extermínio; como também indicam a existência, na contemporaneidade, de indígenas que se afirmam como descendentes dos grupos Tupi – até então vistos como extintos – e dos grupos Guarani que, através dos últimos deslocamentos do século XIX, ali se estabeleceram. Logo, o que apresento aqui é parte de um estudo que visa compreender o processo de retomada dos territórios tupi e tupi guarani, que levou ao atual complexo de aldeias.
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