RESUMO Ao focalizar o métier do professor, verifica-se que, para concretizar o real da atividade, esse profissional usa e ensina a linguagem. Ocorre que, muitas vezes, ele pode encontrar dificuldade na execução de tarefas cotidianas por não ter se apropriado de gêneros do discurso inerentes a seu fazer. Imerso nas temáticas de linguagem e formação docente (Bakhtin, 2011; Rojo, 2015; Kleiman, 2008), este estudo busca inventariar os gêneros do discurso que constituem o trabalho do professor nos quatro níveis de ensino e refletir sobre a importância desses textos na concretização do fazer docente. A pesquisa se justifica pelo potencial que tem de contribuir para as discussões sobre os currículos de formação do professor, considerando a necessidade de se (re)conhecer o relevante papel desses gêneros do discurso em sua prática. A partir de um levantamento empírico, foi possível inventariar os gêneros utilizados no exercício da docência e organizá-los em quatro funções discursivas: atividade rotineira, comunicação interpessoal, planejamento e documentação.
RESUMO Tendo em vista as temáticas de linguagem e formação docente, com base nos quadros teóricos dos Estudos do Letramento e da teoria dos gêneros do discurso, neste artigo, buscou-se realizar um inventário dos gêneros do discurso constitutivos do métier docente universitário e refletir sobre a sua importância, enquanto artefatos que fazem parte do trabalho, do letramento e da identidade do professor. As pesquisas bibliográficas em torno da identidade e da formação do professor universitário levaram à compreensão de que, dependendo da instituição e dos contextos institucionais e socioculturais em que se inserem, as demandas que chegam ao docente são diferentes e crescentes, incidindo sobre a identidade desse profissional. A pesquisa de campo revelou que tais demandas estão vinculadas a competências científico-pedagógicas, político-administrativas e pessoais, necessárias ao exercício das inúmeras atividades relativas ao ensino, à pesquisa, à extensão e à gestão universitária. Essas atividades estão imbricadas com a linguagem e revelam tanto a amplitude de gêneros profissionais exigidos do professor, quanto a necessidade da inserção desse profissional em práticas de letramento.
Este artigo finaliza uma série de quatro estudos de natureza exploratória, realizados com o intento de inventariar os gêneros do discurso que constituem o métier docente. Neste texto, coloca-se como objetivos fazer uma apresentação panorâmica dos gêneros do discurso profissional docente, reunir alguns conceitos e categorias essenciais para a organização e a análise do corpus de trabalho, alguns dos quais construídos na trajetória deste estudo, bem como avançar para um conjunto de gêneros orais mobilizados para o trabalho do professor, com foco em um processo de ensino e aprendizagem contextualizado. A pesquisa encontra fundamentos nos estudos socioculturais e dialógicos, liderados por Bakhtin (2003), e em estudos que associam linguagem e trabalho, tais como os de Clot (2010) e Bathia (1994). As centenas de gêneros levantados neste estudo e as adaptações demandadas por distintas realidades contextuais apontam para um trabalho de complexidade e volume desconhecidos pelos próprios profissionais, o que contribui para a desvalorização da profissão. O estudo também traz uma possibilidade de exercício de ensino e aprendizagem de gêneros profissionais orais, como um caminho para apropriação de modos de dizer essenciais ao métier docente e à sua valorização.
Com o advento das tecnologias digitais da informação e comunição (TDICS) surgem novas possibilidades de fazer sentido como forma de resposta às demandas sociais que envolvem a utilização dos recursos tecnológicos no meio digital, e, assim, construir sentido a partir de textos multimodais e multissemióticos que mesclam palavras, elementos pictóricos, sonoros, imagens estáticas e em movimento, numa mesma superfície. Trata-se de criar um ambiente mais sintonizado com a modalidade comunicacional digital emergente. No entanto, embora inúmeros pesquisadores da área da Linguística e da Linguística Aplicada já estejam desenvolvendo pesquisas e defendam a utilização das TDICS e a promoção dos multiletramentos, o gênero ‘artigo científico’ não sofreu mudanças significativas haja vista que mesmo os textos escritos para o ambiente digital não se utilizam das inúmeras possibilidades que esse suporte oferece aos seus produtores. Assim, embora as TDICS nos ofereçam possibilidades de produção criativa de hipertextos interativos e, mais que isto, cooperativos, textos multimodais que possam levar o seu interlocutor para um cenário de navegação fluído e dinâmico, os periódicos de divulgação científica, já na segunda década do século XXI, têm se posicionado como ‘guardiões da tradição’ e requerem de seus colaboradores a produção de textos lineares mantendo sua estrutura inalterada.
resuMoAs novas tecnologias, ou tecnologias digitais, expandiram enormemente a possibilidade de acesso à informação e às formas de comunicação, daí por que migraram de 'tecnologias de informática' para serem nomeadas novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs). O desenvolvimento do que são comumente denominadas na literatura com novas tecnologias da informação e da comunicação (NTICs) foi propulsor de mudanças que afetaram e afetam a sociedade mundial em todos os seus aspectos. O final do século XX tornou-se o palco para a demonstração das mudanças proporcionadas pela utilização das NTICs, período que Castells (1999) denomina "era da informação" ou "sociedade da informação" no qual as NTICs representam "... o que as novas fontes de energia foram para as Revoluções Industriais sucessivas..." (CASTELLS, 1999, p.15). Podemos dizer que o mundo em que vivemos está realmente amparado em bases ditadas pela tecnologia da informação, que, para o leitor mais jovem que não sofreu o impacto provocado pelo surgimento dos computadores ligados em rede, cujo fenômeno se iniciou na década de 90 e se intensificou no início desse milênio, essa observação pode soar irrelevante. A criança, o adolescente
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