Vinícius ArmiliatoNos confins da história da noção de história O Pêndulo de Epicuro trata-se de mais uma publicação da parceria entre Francisco Verardi Bocca e Daniel Omar Perez. Se em publicação anterior, Ontologia sem espelhos (PEREZ; BOCCA; BOC-CHI, 2014), que contou também com a parceria de Josiane Bocchi e no último ano ganhou uma tradução para o francês 1 , os autores fazem uma história da noção de realidade desde Descartes até Freud, na obra presente fazem a história da ideia de história que figura de modo subjacente às elaborações de Kant, Freud e Darwin. E analisando detalhadamente cada autor, apresentam como visualizam na história um rumo, um percurso ou mesmo uma tendência, de modo que ora se aproxima do Recebido /
A partir de formulações oriundas da biologia evolutiva presentes em trabalhos de Sigmund Freud, procuramos indicar como os processos patológicos são lidos, em sua psicanálise, como a emergência de elementos arcaicos da história da espécie, de modo que a biologia exerceria um efeito normativo em certas leituras que faz de fenômenos psíquicos. Após apontar sumariamente como Freud se sustenta em ideários evolucionários, indicamos como os aplica no manuscrito de 1915 intitulado Visão de conjunto das neuroses de transferência. Neste manuscrito Freud apresenta de forma ampla como cada neurose está calcada em um período evolutivo da história humana, ou seja, como são reações às variações do meio, outrora foram benéficas à espécie e que, contemporaneamente não mais seriam, tornando-se assim doentias. Ao final, indica-se como as psicopatologias tendem a ser lidas enquanto emergências do passado no presente, em detrimento de nelas visualizar rupturas com as tendências biológicas do passado.
Este artigo traz uma reflexão sobre a influência que a Biologia evolutiva exerceu sobre Sigmund Freud no tocante à teoria das pulsões e à noção de patologia que a acompanha. Também, notadamente quanto às suas tendências regressivas, conforme apresentado em Além do princípio do prazer, publicação pródiga de referenciais evolucionários, especialmente da compreensão filogenética da espécie humana, ou seja, da teoria da recapitulação de Ernst Haeckel, articulada aos fenômenos clínicos e culturais. Amparados em Georges Canguilhem, observamos que a mesma Biologia cumpre função normativa na qualificação das manifestações humanas. Assim, mostraremos que o recurso a ela serviu de apoio para Freud estabelecer uma concepção psicanalítica de sujeito igualmente normativa, a saber, dotado de um psiquismo regressivo e patológico em sua natureza, cuja tendência biológica o faz repetir comportamentos do passado. Se trata de uma opção teórica em detrimento da ruptura e da variação como norteadora de sua história, assim como da história da espécie humana.
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