Resumo O presente artigo apresenta uma compreensão do modernismo brasileiro com base em suas relações possíveis com a moda. Desde a suposta inspiração da Semana de Arte Moderna em uma fashion week francesa até o new look que Flávio de Carvalho desenvolve para uma performance já nos anos 1950, o artigo passa ainda pelas obras de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral. Dessa forma, interpreta um conjunto de textos literários, quadros, polêmicas e até mesmo certas performances ocorridas, expostas e publicadas ao longo do período modernista, que se orientaram pela moda em seus dois principais aspectos: o tempo e o vestuário. E conclui, por meio de uma sugestão etimológica, que, para os modernistas, a própria ideia de descoberta, como ato do conhecimento, se associaria à condição da nudez.
Neste artigo procura-se discutir alguns aspectos da ficção machadiana a partir de uma teoria em voga no século XIX, “a teoria dos espectros” – que se desenvolveu por meio do interesse de Balzac na "fisiognomonia” (“arte de conhecer o caráter humano pelas feições do rosto”) e de alguma forma repercutiu no conceito benjaminiano de “inconsciente ótico”, que o filósofo desenvolveu em suas reflexões sobre a fotografia e Rosalind Krauss retomou décadas mais tarde. O artigo percorre certas passagens de Esaú e Jacó relacionadas à personagem de Flora a respeito de imagens “fantasmagóricas e demoníacas”, e também procura associar as Memórias póstumas de Brás Cubas, assim como alguns contos do autor fluminense, a exemplo de “Galeria póstuma”, ao debate da história da fotografia e da pintura sobre o subgênero “retrato mortuário”. O que se propõe, em linhas gerais, é indicar certas maneiras como Machado pôde captar, ainda no século XIX, uma espécie de energia onírica, diria Benjamin, ligada aos fantasmas.
Resumo: O artigo analisa um romance de Rosário Fusco, O agressor, publicado em 1943 e logo resenhado por Antonio Candido em sua coluna no jornal Folha da Manhã. Diferentemente da avaliação de Candido, no entanto, orientando ao que parece pela defesa tanto do romance nacional quanto de certo realismo na literatura, e que critica no livro de Fusco justamente sua suposta desintegração em relação à “experiência brasileira”, o artigo procura revalorizar O agressor tendo em vista duas aproximações: com Kafka e com o surrealismo. Para isso, busca-se associar o romance ao “método crítico-paranoico”, tal como elaborado por Salvador Dalí, resultado por sua vez de uma leitura que fez das primeiras teorias lacanianas em torno da noção de paranoia, que também são consideradas, em larga medida, no presente artigo. Como se verá, a exemplo do que argumenta Gunther Anders a respeito do autor de O processo, por meio de sua técnica própria de estranhamento, a literatura de Fusco não faz outra coisa senão tocar o cerne da realidade.Palavras-chave: Rosário Fusco; surrealismo; Lacan; paranoia.Abstract: The article analyzes O agressor (The aggressor), a novel by Rosário Fusco published in 1943 and reviewed by Antonio Candido shortly thereafter in “Folha da Manhã”. However, differently from Candido’s assessment, which seems to be guided both by the defense of the national novel and a certain realism in the literature, then criticizing Fusco’s book precisely by its supposed disintegration in connection to the “Brazilian experience”, the article seeks to revalue O agressor taking two approaches into consideration: with Kafka and with surrealism. For this purpose we try to associate the novel with the “critical-paranoid method” as elaborated by Salvador Dalí after the spanish painter read first Lacanian theories around the notion of paranoia, also considered in this article. As will be seen, as Gunther Anders argues about the author of “The Process”, Fusco’s novel, through its own technique of estrangement, does nothing but touch the very core of reality.Keywords: Rosário Fusco; surrealism; Lacan; paranoia.
Na última sala do Museu Brasileiro do Futebol, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, como se fosse aos quarenta e cinco do segundo tempo, os visitantes se deparam com uma seleção de 12 poemas sobre o jogo, que podem ser lidos em uma tela e também escutados por quem passa. A seleção conta apenas com poetas mineiros, 34 em consonância aliás com a própria curadoria do Museu, sob a coordenação do historiador Thiago Costa, que em vários momentos (e nem poderia ser diferente) privilegia a história do futebol jogado em Minas Gerais.Lendo os poemas em conjunto, chama atenção a grande variedade de registros, tanto temática (o que talvez demonstre o grande alcance simbólico que o futebol possui) quanto formalmente. O leitor encontrará desde uma cantiga sobre Pelé, como é o caso do poema de Affonso Ávila, interpretado pelo ator Rodolfo Coelho (do Grupo Galpão), que faz uma espécie de rápida historiografia da vida do rei do futebol, explorando com rara felicidade e senso de humor uma sonoridade repetitiva em torno da mesma vogal ("na era do rei que ainda o é/ tudo ao redor dava pé/ surfava-se alta maré/ subia em bolsa o café"), até um poema visual de linhagem concretista, que joga com as palavras "gol", "gold", "god" e "good", da autoria de Carlos Barroso.Os jogadores costumam ser responsáveis por mobilizar grande parte do imaginário futebolístico, e por isso 1.
Nuno Ramos (1960), além de artista plástico e ficcionista, é também um ensaísta que vem despertando grande interesse no Brasil. Em Ensaio geral (Ed. Globo, 2007), livro que reúne seus ensaios e "um pouco mais", conforme o próprio autor escreve na apresentação, temos uma prova contundente disso. Sua gama de assuntos, além de arte, literatura e canção, campos em que Nuno atua também como criador, inclui ainda o futebol. No livro, há uma série especialmente dedicada ao assunto, intitulada "Os suplicantes", com reflexões sobre "aspectos trágicos do futebol", o esporte amador no Brasil, belos textos sobre Reinaldo, Tostão, Ademir da Guia, entre outros jogadores, além de uma série fotográfica republicada também nesta revista, por ocasião da Copa do Mundo 2014.Quando sugeri ao Nuno uma entrevista sobre futebol, ele aceitou de pronto. Recebeu-me em seu ateliê em São Paulo, um galpão cheio de pinturas de grandes dimensões e até pedaços de um avião embalados em plástico, de sua instalação Fruto estranho, para um papo sobre o assunto que devia durar "quarenta e cinco minutos e mais uns acréscimos", mas acabou chegando a mais de uma hora. A ideia era começar a conversa falando sobre o que considero ser a teoria
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