A partir da crítica pós-colonial, ganharam espaço as etnografias enfocando outras vozes, subjetividades e perspectivas, apoiadas, principalmente, em propostas teóricas sociais oriundas de paisagens distantes dos centros europeus e norte-americanos de produção de saber. Essas epistemologias do Sul global têm em comum partirem do testemunho e da experiência de marginalidade, subalternidade e subjugação, de onde emergem novos sujeitos políticos, nova autoridade discursiva e representação cultural. Essa perspectiva desafia as narrativas hegemônicas e amplia o interesse no uso da memória e história oral como metodologia de pesquisa, promovendo um crescente interesse em estabelecer as relações entre história, memória, saber e poder. Assim, são ampliadas as reflexões acerca das responsabilidades éticas e políticas da etnografia e do trabalho de campo, ao mesmo tempo em que se veem transformadas asrelações autor/objeto/leitor, uma vez que os “sujeitos de pesquisa” passam, eles próprios, a pesquisar, escrever e reclamam ser representados na “história”. O extrativismo como característica das sociedades formadas na lógica do imperialismo, capitalismo, colonialismo e patriarcado, que subjugou povos como recursos a serem explorados, se estende ao saber e a ciência moderna tem suas origens no “extrativismo epistêmico”. Tal constatação torna ainda maior o desafio de realizar investigação científica e produzir conhecimento crítico assumindo viver responsavelmente o compromisso de que a alternativa ao extrativismo é a reciprocidade profunda, o que implica um intercâmbio justo nas relações entreseres humanos e nas relações entre humanos e não humanos.
Resumo: Este artigo reflete acerca das contribuições do pensamento decolonial para o Serviço Social. Considera a colonialidade e a decolonialidade como ferramentas de análise e projeto ético e político, que oferecem alternativas de conhecimento e transformação social devido à diversidade epistêmica teórica, política e pedagógica. Propõe complexificar e questionar a lógica de produção de conhecimento moderna/ocidental, evidenciando categorias e conceitos úteis à prática e à produção científica da profissão.
This article presents reflections on the construction of cultural identities mediated by elements of popular Catholicism in the village of Vitoriano Veloso, in the Brazilian state of Minas Gerais, based on devotion to Our Lady of Peñafrancia (Nossa Senhora da Penha de França). It considers the colonial and postcolonial context under the decolonial perspective to approach religiosity and understand devotion in the space of subalternity. The analysis is grounded on the argument that the context of local religiosity was marked by the precarious evangelization and experience of a Catholicism forged by different cultural matrices, which enabled degrees of autonomy of the faithful, observable nowadays in the form of protagonism. The observation and ethnographic research, carried out in 2015 and 2020, included narratives that show updates of the subversion of hierarchies and a certain autonomy in the management of faith marked by the centrality of the materiality of the church.
A partir da crítica pós-colonial, ganharam espaço as etnografias enfocando outras vozes, subjetividades e perspectivas, apoiadas, principalmente, em propostas teóricas sociais oriundas de paisagens distantes dos centros europeus e norte-americanos de produção de saber. Essas epistemologias do Sul global têm em comum partirem do testemunho e da experiência de marginalidade, subalternidade e subjugação, de onde emergem novos sujeitos políticos, nova autoridade discursiva e representação cultural. Essa perspectiva desafia as narrativas hegemônicas e amplia o interesse no uso da memória e história oral como metodologia de pesquisa, promovendo um crescente interesse em estabelecer as relações entre história, memória, saber e poder. Assim, são ampliadas as reflexões acerca das responsabilidades éticas e políticas da etnografia e do trabalho de campo, ao mesmo tempo em que se veem transformadas asrelações autor/objeto/leitor, uma vez que os “sujeitos de pesquisa” passam, eles próprios, a pesquisar, escrever e reclamam ser representados na “história”. O extrativismo como característica das sociedades formadas na lógica do imperialismo, capitalismo, colonialismo e patriarcado, que subjugou povos como recursos a serem explorados, se estende ao saber e a ciência moderna tem suas origens no “extrativismo epistêmico”. Tal constatação torna ainda maior o desafio de realizar investigação científica e produzir conhecimento crítico assumindo viver responsavelmente o compromisso de que a alternativa ao extrativismo é a reciprocidade profunda, o que implica um intercâmbio justo nas relações entreseres humanos e nas relações entre humanos e não humanos.
Este artículo propone una reflexión sobre el trabajo social desde los aportes del pensamiento decolonial, argumentando que la escucha y el habla éticas son herramientas estratégicas para desmontar los procesos de deshumanización impuestos por la modernidad/colonialidad. Para comprender estos procesos, recurro al análisis macrosociológico de largo período histórico de acuerdo a Fernand Braudel y utilizo el concepto de colonialidad de Aníbal Quijano para explicar las consecuencias actuales de una estructura de dominación y explotación de raza/etnia, género, sexualidad y clase que comenzó con el colonialismo. El marco temporal se encuentra atravesado por la concepción fanoniana, según Grosfoguel, de que las construcciones sociales de la modernidad definen las líneas divisorias de la humanidad. Sobre la línea, en la “zona del ser”, están las personas reconocidas como humanas y debajo de esta, en la “zona del no ser”, están las clasificadas como subhumanas. Esta división funciona como elemento estructurante de la exclusión y subordinación de personas, pueblos y culturas. La idea central de la reflexión defiende que la “zona del no ser” atraviesa y constituye el territorio de intervención de trabajadores sociales y que, entendiéndola en su complejidad, orienta la cotidianeidad de la profesión en la construcción de relaciones humanizadas. El ensayo concluye entendiendo que, como instrumento teórico y metodológico, la articulación del habla y escucha éticos en el trabajo social con un proyecto político decolonial puede revelarse como uno de los espacios de construcción de humanidades y de combate a la producción y reproducción de las “zonas del no ser”.
Direitos para esta edição cedidos à Atena Editora pelos autores. Open access publication by Atena Editora Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição Creative Commons. Atribuição-Não-Comercial-NãoDerivativos 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores, inclusive não representam necessariamente a posição oficial da Atena Editora. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.Todos os manuscritos foram previamente submetidos à avaliação cega pelos pares, membros do Conselho Editorial desta Editora, tendo sido aprovados para a publicação com base em critérios de neutralidade e imparcialidade acadêmica.A Atena Editora é comprometida em garantir a integridade editorial em todas as etapas do processo de publicação, evitando plágio, dados ou resultados fraudulentos e impedindo que interesses financeiros comprometam os padrões éticos da publicação. Situações suspeitas de má conduta científica serão investigadas sob o mais alto padrão de rigor acadêmico e ético.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.